Depressão, a doença que se tornou invisível.

Depressão. Como é vista e entendida.

A Depressão é considerada uma doença crônica e recorrente que consta no CID-10, Código Internacional de Doenças, como uma doença psiquiátrica.

Apesar de ser um transtorno cada vez mais comum na sociedade e nos núcleos familiares, é um distúrbio muito sério, que além de males mais profundos, compromete a capacidade de trabalhar, estudar, dormir, comer e conviver socialmente. É reconhecida por se tratar de uma convergência e combinação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos e ambientais e que, sem tratamento adequado, pode vir a agravar os sintomas, declinando para outras disfunções e transtornos de comportamento.

Dificultando ainda mais a compreensão de suas causas, da mesma forma que alguns casos de depressão tendem a ocorrer em família, inúmeros outros ocorrem em pessoas sem histórico familiar desse transtorno. A doença, que atinge crianças, adolescentes e adultos continua desafiando os mais renomados especialistas no campo médico e terapêutico, uma vez que nem todos que apresentam o transtorno depressivo apresentam os mesmos sintomas, e uma vez que sua gravidade, frequência e duração se alteram a depender da pessoa e das condições que ela apresenta. É entendido que pessoas que passaram por determinadas adversidades ao longo da vida como trauma psicológico, perda de um ente querido, desemprego, separação de um relacionamento, por exemplo, são mais propensas a desenvolverem quadros de Depressão.

É uma doença que atinge em média, três vezes mais mulheres que homens e que, além do estado depressivo e de anedonia, ocasiona diferentes grupos de sintomas a depender do perfil de cada um: tristeza, fadiga, estresse, perda da vontade e da concentração, baixa autoestima, sensação de inutilidade, culpa, distúrbio do sono (insônia e sonolência) e do peso, problemas psicomotores, disfunções da libido, medo, desinteresse súbito por estudo e tarefas, apatia, assim como outros. 

Tanto os distúrbios tidos como ‘Transtorno Depressivo Recorrente’ quanto o ‘Transtorno Afetivo Bipolar’ podem ser crônicos, com recaídas, especialmente se não forem tratados. Como consequência, seu diagnóstico clínico é medido através do histórico de vida que cada paciente tem. Os graus de Depressão são categorizados como leve, moderado e grave, a depender da intensidade dos sintomas apresentados, levando o paciente a apresentar um rebaixamento do humor, uma redução de energia e uma diminuição de atividade. Quase sempre apresenta uma diminuição da autoestima e da confiança e frequentemente ideias de culpabilidade ou indignidade, mesmo no grau leve. Os casos mais graves podem vir acompanhados, ou não, de sintomas psicóticos. 

Em nosso forma de ver e e também na de muitos outros profissionais do meio da saúde e das organizações médicas nacionais e internacionais, as informações disponíveis sobre a Depressão não são suficientes para se compreender a fundo seus sintomas e estabelecer tratamentos que atuem nas causas. 

As mesmas se mantém desconhecidas e avaliando o grande espectro de variações que acompanha cada caso e seu respectivo tratamento ministrado, conclui-se que, como um transtorno mental grave que é, a Depressão carece de um conhecimento mais profundo do ‘Ser’ e de seus universos de auto-expressão e de autocomunicação.

Perigosa, desconhecida e em certos casos invisíveis a todos, a Depressão é um fantasma que envolve o ser quando menos se espera e o absorve de maneira arrebatadora e, algumas vezes, mortal. 

Não sendo reconhecida pelo próprio paciente que não se percebe em distonia ou não admite ver a si mesmo como portador de uma ‘loucura’, e nem sendo identificada por aqueles que convivem com ele, o doente passa a ser desvalorizado em seus ambientes, inclusive pelos familiares, como fraco, incapaz, preguiçoso ou imprestável. 

A autoimagem e a autoestima que já são afetadas pela doença, se agravam ainda mais por esses rótulos que depreciam o ‘Ser’ e que normalmente são ‘remediados’ com sugestões ou autosugestões de descompromissos e distrações que o distanciam de si mesmo ainda mais, e que nada resolvem aumentando a culpa e os sentimentos negativos que carrega.

FATOS

Até 2015 estimava-se que o número de pessoas acometidas por Depressão no mundo ultrapassava os 300 MM. 

Em 2021, com levantamentos mais precisos e entendimentos mais claros sobre a doença que pode se manifestar de forma branda a ponto de não ser claramente percebida, acredita-se já termos ultrapassado os 600 MM de pessoas com Depressão no mundo. Um número que equivale a soma de toda a população da América Latina. Considerando as estatísticas que evidenciam ainda mais o drama da situação na qual vivemos, trata-se de uma circunstância muito preocupante para a sociedade e para todas as famílias.

Uma situação bem preocupante essa que vivemos, pois segundo os dados, os casos mais graves de Depressão levam ao suicídio. E como esses casos mais graves ocorrem no silêncio e na intimidade do paciente, não dá para prever com tanta facilidade qual paciente acusa tamanha profundidade de transtorno depressivo. 

É importante levar em conta que alguns transtornos de comportamento considerados ‘leves’ podem ir se agravando com o tempo, até virarem um quadro depressivo grave. E saber perceber esses sintomas é essencial para poder se atuar na hora certa e da forma certa: com amor, educação, tratamento terapêutico ‘adequado’ e atendimento médico especializado, quando necessário.

Pais, mães, professores, profissionais da área da educação e da saúde, empresas, todos estão seriamente preocupados com esse aumento mais recente no índice de transtornos de comportamento, que usualmente terminam por desembocar em quadros perigosos de Depressão.  O assunto chama a atenção dos mais experientes, mas a resposta é sempre a mesma: embora os tratamentos considerados eficazes atuem no emocional do paciente ajudando-o a coibir esses sintomas, psiquiatras, psicólogos e estudiosos do comportamento humano, reconhecem que as causas desses tormentos e transtornos somados às suas singularidades que variam de paciente a paciente, permanecem desconhecidas e tratadas à superfície. 

Mesmo que processos psicanalíticos levem o paciente ao encontro do conflito, objeto de seus próprios transtornos, o fato de conhecê-lo nem sempre oferece a liberdade tão almejada pelo paciente e por todos os envolvidos no processo. Por isso ser considerada uma doença crônica e recorrente.

DADOS

  • Menos da metade das pessoas com diagnóstico de Depressão no mundo – alguns países menos de 10% – recebem atendimento, e um percentual menor ainda, recebem o tratamento.
  • 15% dos depressivos sem tratamento dão fim à própria vida.
  • A Depressão aumentou 34% nos últimos 7 anos e atinge mais de 20 MM de brasileiros, ou seja, 10% da população.
  • Nas regiões urbanas a prevalência de casos de depressão é maior (10,7%), que a da região rural (7,6%). 
  • Mais da metade dos brasileiros (52%) que foram diagnosticados com depressão não fazem uso de medicação, quando indicada.
  • De todos os diagnosticados com depressão, apenas 18,9% fazem psicoterapia.
  • Brasil é o país com maior prevalência de Distúrbuios de Ansiedade no mundo.
  • Segundo a OMS, a Depressão será a doença mais comum do mundo antes de 2030, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde. Será sozinha a maior causa de perdas humanas no mundo.
  • O aumento percentual da Depressão nos últimos 5 anos confirma a Depressão como a doença ‘silenciosa’. É a que mais matará apesar de ser menos temida pela população como a AIDS e o Câncer.
  • É a doença que apresenta maior exponencial de incidência de casos enquanto as outras ‘diminuem’.
  • Segundo afirmou à BBC, o médico Shekhar Saxena do Departamento de Saúde Mental da WHO-World Health Organization, a Depressão é maior em países em desenvolvimento, como o Brasil, que se ressentirão economicamente já que registram mais casos e possuem menos recursos para tratamento dos transtornos mentais.
  • Dados do IBGE indicam que “O Brasil é um país que se encontra cada vez mais doente mentalmente”.
  • OMS aponta o Brasil como o país com mais deprimidos da América Latina, com o índice quase 50% maior da média mundial.
  • Pesquisas e estudos mostram que 52,8% dos entrevistados receberam assistência médica para depressão nos últimos 12 meses, tendo na rede privada de atendimento sua maior concentração: 47,4%.

O medo de ser infectado pela Covid-19, o isolamento social, a ausência da rotina pré-pandemia e os seus agravamentos, levaram grande parte da população a desenvolver sintomas relacionados a quadros de depressão e ansiedade. Uma pesquisa quantitativa e qualitativa, feita pela UFJF junto a outras instituições com milhares de participantes, indicou os seguintes dados:

  • Entre os participantes da pesquisa, 92,2 % apresentaram sintomas de depressão. Destes, 51% apresentaram sintomas de ansiedade e 52% sintomas de transtorno de estresse pós-traumático.

Segundo analistas de dados que acompanham os índices estatísticos nas principais regiões e cidades brasileiras, estes resultados apresentados representam a média da realidade nacional. Um estudo transversal desenvolvido pela FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz, pela UFMG Universidade Federal de Minas Gerais e a UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas, avaliando o efeitos da pandemia na saúde mental dos brasileiros, registrou que 40,4% dos brasileiros participantes das pesquisas se sentem tristes, angustiados, ansiosos ou deprimidos com frequência. Estes percentuais não incluem os depressivos moderados e graves.

Observamos que grande parte dos brasileiros entrevistados não se encontravam em acompanhamento psicológico ou psiquiátrico no momento das pesquisas, o que é relevante, uma vez que de acordo com os dados da OPAS Organização Pan-Americana da Saúde e da Fiocruz, estima-se que quase a metade da população exposta a uma epidemia pode apresentar transtornos psíquicos caso não receba o devido atendimento.

Diagnósticos.

Afinal, o que exatamente está acontecendo? Já era esperado um aumento exponencial nos dados estatísticos de portadores de Transtorno de Ansiedade e Depressão. Desde 2009 os índices não param de aumentar. A questão é a forma como a doença continua sendo vista e tratada até hoje. 

Será que o aumento incondicional de portadores de Depressão ocorre devido aos métodos terapêuticos não estarem sendo mais eficazes diante da gravidade dos conflitos e transtornos? Será que apesar das inúmeras terapêuticas disponíveis, o ser humano vem se distanciando de uma compreensão mais clara quanto à sua realidade existencial e à sua necessidade de expressão e autocomunicação? Ou será que os métodos existentes nunca atingiram a totalidade do problema e a solução sempre se manteve, em sua maioria, paliativa?

Não adianta insistir no fato de que somos seres predominantemente materiais. A visão positivista nunca respondeu bem às dúvidas do homem quanto à sua própria realidade. E ousamos dizer, já que era possuidor de grande inteligência e raciocínio, que muito menos Comte se convenceria, hoje, de sua própria teoria.

Aliás, esta é uma questão que nos interessa. Alimentamos a hipótese de que se os grandes pensadores continuassem vivos até hoje, certamente teriam evoluído suas teorias e seus pensamentos diante de todo um novo avanço que a humanidade sofreu em termos de mudanças de comportamento e, acima de tudo, de inovação tecnológica e instrumental. 

Evidentemente, essa linha de raciocínio não vale para todas as áreas da ciência e do conhecimento. Mas só um tolo orgulhoso permaneceria centenas de anos com as mesmas ideias e crenças, vivendo em um novo mundo, numa época totalmente diferente de seu tempo e desconsiderando todas as inovações e descobertas científicas. 

Vivemos em um mundo quântico e cósmico que respira em dimensões muito desconhecidas do nosso campo da matéria. Dessa forma, quando olhamos, hoje, cientistas e profissionais das mais diversas áreas defendendo hermeticamente pensamentos filosóficos e teorias sociais, políticas e econômicas de séculos atrás, como se tivessem sido acabadas de ser criadas, e sem aderência com a realidade do que vivemos e, acima de tudo, sentimos, assusta. O mundo carece de pessoas que pensem e de pessoas que pensem o novo. No campo das ciências humanas também enfrentamos esta questão.

Somos seres psíquicos, e queremos dizer com isso, espirituais; totalmente emocionais; de maneira que nossa zona consciente, ou seja, nossa zona de percepção psicológica expressa nosso psiquismo com as cores e tons de nossas escolhas e construções. Nossos medos e inseguranças, nossas culpas e arrependimentos criam estados patológicos profundos pelo cultivo da infelicidade, fazendo-nos sentir incapazes de nos libertarmos e de acharmos a felicidade naquilo a que nos dedicamos. Frustrados e nostálgicos pela perda e a incapacidade de recuperar o que julgávamos nos fazer bem e nos dar prazer, começamos a buscar um único padrão de comportamento nos lançando em um estado alterado de consciência no qual estacionamos indefinidamente. 

Importa ressaltar que o conceito de saúde mental é oscilar entre a tristeza e a felicidade, entre a raiva e a alegria, entre a angustia e a segurança, entre o choro e o sorriso. Permanecer em um único padrão, até mesmo em um padrão ‘eufórico’, é nos alienarmos da realidade que se altera todo o tempo e que exige de nós capacidade adaptativa e de superação. Isso é amadurecer psicologicamente.

Permanecer em um único padrão, até mesmo em um padrão ‘eufórico’, é nos alienarmos da realidade que se altera todo o tempo e que exige de nós capacidade adaptativa e de superação. Isso é amadurecer psicologicamente.

Importa ressaltar que o conceito de saúde mental é oscilar entre a tristeza e a felicidade, entre a raiva e a alegria, entre a angustia e a segurança, entre o choro e o sorriso.

No fundo, todos queremos saber o que somos, quem somos, qual o propósito da vida e porque sofremos.

Ideias como incertezas, tristezas, ansiedades, medos, fobias, posses, ciúmes – que permanecem por muito tempo recalcadas contribuem para quadros de depressão que são mantidos como descargas emocionais altamente perturbadoras e nocivas ao equilíbrio do próprio ‘Ser’. A forma como vivemos e nos ‘alimentamos’ dessas ideias, através de nossas escolhas e atitudes que na maioria das vezes nascem e são nutridas dentro de uma trama social e familiar de embates e dramas, ainda quando crianças, nos levam a distúrbios psicológicos que terminam por desenvolver comportamentos autodestrutivos e que ajudam a despersonalizar o ‘Ser’ por conta dos conflitos afetivos que passamos a carregar. 

O encontro com a própria consciência que traz seu berço no próprio psiquismo (Espírito) e a conscientização do que é, de quem é, e de qual o seu propósito dentro dessa experiência evolutiva da qual todos somos parte, o liberta de si mesmo e o impulsiona à conquista do que possa levá-lo a se integrar com o mundo recuperando a própria identidade. 

Libertos de uma autopunição e da psicogênese dos estados depressivos que nos congela dentro de uma alienação da realidade, começamos a entender nosso papel em um mundo que não se restringe ao que vemos apenas, mas ao que podemos descobrir quando nos renovamos. Todo esse processo ainda se encontra muito invisível; invisível àqueles que carregam o transtorno, àqueles que o estudam e o pesquisam parcialmente, e àqueles que têm a incumbência de saber tratá-lo devidamente. 

Agravando toda a situação, vivemos um momento dramático em que todos nos sentimos convidados compulsoriamente a transparecer nas redes sociais o máximo em termos de realização, felicidade e sucesso, o que só faz aumentar ainda mais o sentimento de frustração, os conflitos e o sofrimento íntimo.

As razões que são atribuídas à origem da Depressão restrita apenas a traumas, desgaste da idade ou uma infinidade desconhecida de características psicoemocionais, são na realidade uma barreira à conquista do ser espiritual, uma realidade que até o ‘ICD 10 – International Classification of Diseases’ e o ‘WPA – World Psychiatric Association’ já reconheceram e incorporaram médica e cientificamente em seus manuais.

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde e a WHO – World Health Organization, outra barreira ao atendimento é a falta de precisão do diagnóstico. Não importa o tamanho do investimento e recursos que o país dirija às pesquisas e estudos sobre saúde mental, pessoas portadoras de depressão continuam não sendo diagnosticadas corretamente e outras, que não são portadoras da doença, são tratadas como vítimas desse transtorno sofrendo intervenções e tratamentos totalmente desnecessários e nocivos à própria saúde. 

Observamos ao leitor que, evidentemente, existe uma resistência, por parte de alguns grupos de médicos, cientistas e pesquisadores, que termina por atrasar um olhar novo e mais completo a respeito do ser humano. Os motivos são tolos e os argumentos pobres, e não resistirão por longo tempo. Pelo momento, não nos cabe, aqui, nos estendermos mais sobre a questão.

Transtornado e esmorecido emocional e psiquicamente – o depressivo – com baixa autoestima e falta de fé em si mesmo e em tudo, seu corpo sofre-lhe o impacto psicológico, reclamando reestruturação completa de seus universos de autoexpressão e de autocomunicação.

Só um processo terapêutico ‘integral’ para ajudar a reorganizar esses diferentes universos que descolados da realidade, em estágio inicial de alienação, promoverá todo um processo de reconstrução removendo o ‘Ser’ desse estado alterado de consciência e reformatando-o de acordo com as leis universais que o regem, independente de sua crença ou própria vontade. 

Os graus de Depressão são categorizados como leve, moderado e grave, a depender da intensidade dos sintomas apresentados, levando o paciente a apresentar um rebaixamento do humor, uma redução de energia e uma diminuição de atividade.

Depressão: O que fazer.

Alguns tratamentos para depressão moderada e grave, são eficientes em combater os sintomas. Tratamentos psicológicos, como terapia cognitivo-comportamental, psicoterapia interpessoal, ativação comportamental, tem ação funcional em determinados casos. Contudo, é comum observar o tratamento terapêutico vir acompanhado de medicamentos antidepressivos. Nestes casos, não só os profissionais da saúde como os pacientes e, principalmente os respectivos responsáveis pelos pacientes devem levar em conta a possibilidade de efeitos adversos associados aos antidepressivos que são muito agressivos, e considerar a possibilidade de oferecer um outro tipo de intervenção.

Chamamos sim a responsabilidade a todos, principalmente aos pais. Hoje, com todo um novo arsenal de informações disponíveis e acessíveis, torna-se uma obrigação dos responsáveis pelos pacientes buscarem se informar a respeito de cada doença, de cada sintoma, de cada diagnóstico, resultados de exames e de seus respectivos tratamentos. Não estamos com isso, estimulando uma anarquia inconsequente visando desmoralizar ou desrespeitar profissionais e tratamentos sérios, mas o mundo mudou e procurar saber o que acontece e ocorre, principalmente numa seara em que grande parte da classe médica e terapêutica ainda engatinha entre o descompromisso e a ignorância, é um dever, uma real responsabilidade, por parte de todos os envolvidos em um tratamento de transtorno mental. Todos, sem exceção.

Os antidepressivos podem ser eficazes em alguns casos de depressão moderada-grave, mas não devem ser a primeira opção de tratamento, principalmente para os casos mais brandos. Esses medicamentos não devem jamais ser usados para tratar depressão em crianças e nem adolescentes, salvo raríssimas exceções. É preciso utilizá-los com muita cautela. E quem chama a atenção ao fato são especialistas – médicos e cientistas – representantes da WHO – World Health Organization em diversos países e diferentes instituições internacionais.

Depressão é uma doença muito séria. E tentar tirar alguém de um estado de consciência alterada prescrevendo medicações que estacionam o ser de forma letárgica dentro de si mesmo, é assumir um risco muito grande. Casos como esses precisam ser muito bem avaliados com os respectivos responsáveis levando-os a tomarem conhecimento de todos os riscos envolvidos à saúde física e mental do paciente. E só devem ser considerados como possível alternativa quando já se esgotaram outras opções de tratamento ou quando é realmente necessário.
O que a curto prazo pode estabilizar um desequilíbrio químico no corpo buscando aliviar os sintomas da doença, a médio e a longo prazo pode afetar o equilíbrio bioquímico podendo até induzir um paciente a crises de pânico por abstinência dessas medicações, já que a maioria as consome por longo tempo.

A realidade brasileira, na maioria das vezes, – e convivemos o tempo todo com esse tipo de situação – é uma consulta rápida, uma prescrição medicamentosa, um agendamento com algum psicoterapeuta e ter que conviver com o próprio filho, angustiado, deprimido, mas quimicamente impedido de manifestar seus sintomas que eclipsam o desespero que continua vivendo.

Muitas das iniciativas de autodestruição e desamor próprio, promovidas por depressivos, através da busca desesperada por estados alterados de consciência que ofertam um aparente refrigério e uma fuga da realidade e da dor e sofrimento que carrega, terminam por serem erradamente interpretadas como ‘personalidade’ irreverente, rebelde, forte ou típica da juventude; que um dia acaba. Não acaba, só agrava.

Será que estimular a cognição e o estado de humor, diminuindo o incômodo de se conviver angustiado com o transtorno de um paciente depressivo, justifica o risco de uma possível sequela irreparável? 

As alternativas de solução são muitas e vale o esforço de se buscar aquela que pode ajudar a quem amamos a se recuperar, aquela que melhor se adapta ao paciente.  Não considerar isso passa a ser uma irresponsabilidade por parte de todos os envolvidos. Dos médicos, dos terapeutas e dos responsáveis.

O segredo é encontrar a causa de nossos tormentos. E a ‘chave’ é buscar entender porque insistimos tanto em ser aquilo que nos entristece e aflige. 

Tristeza, desânimo, preguiça e falta de iniciativa não definem diagnóstico de Depressão. Mas podem fazer parte de seus sintomas e iluminar caminhos de reeducação .

Em contrapartida, diante de sintomas prevalentes como esses, é impreterível procurar por ajuda o quanto antes, e jamais desmerecer os sinais que se apresentam o tempo todo e que, na maioria das vezes, são relegados com desprezo e pouco crédito. Sintomas, esses, que assumindo a forma de tormentos e conflitos desfiguram a imagem e a ideia de si mesmo e da Criação que, por sua vez, funciona em perfeito equilíbrio exigindo de nós apenas permanecer em harmonia com ela. Diante de tal fato, é justo alimentar a expectativa que os dados mais recentes apresentados pelo IBGE e por todos os institutos que se dedicam a analisar a sociedade nesse período pandêmico e pós-pandêmico, sirvam de guia para a formulação de políticas públicas mais eficientes na prevenção e no tratamento dos transtornos mentais. 

Caso contrário, ou seja, caso a indiferença ou a falta de iniciativa no setor da saúde mental permaneça tornando um dos maiores problemas que o mundo enfrenta, invisível aos olhos de todos, fazemos nossas as palavras da OPAS: “De acordo com os dados, teremos uma população ainda mais doente, mais frágil e cada vez mais vulnerável.”

Não podemos mais fechar os olhos à Depressão. E muito menos permitir que essa doença permaneça invisível em nossa realidade existencial consumindo nossos entes queridos e amados. O ser tem direito a ser feliz e, pode sim, ser feliz. 

Sem dúvida, uma bem orientada educação que leva a pessoa a se perceber em uma ordem maior e mais completa, na qual não se sinta fracassada ou impossibilitada de êxito, uma condução que permita o ser saber se autocomunicar e se autoexpressar, tem um poder libertador e transformador que promoverá um crescimento autoral e sólido com a nova realidade que podemos desconhecer, mas da qual todos fazemos parte e estamos imersos.

 

UNIVERSOS DO SER. Centro de Educação e Atendimento do ‘Ser’ com foco no autoconhecimento e na Saúde Integral para uma Vida Nova. 

Trabalhando junto pela educação e pela saúde integral de nossas crianças, adolescentes e jovens adultos.

 

 

Fontes dos dados e das referências apresentadas – 2019 a 2021:

  • DSM-5 Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, American Psychiatric Association – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação América de Psiquiatria
  • WHO World Health Organization – OMS Organização Mundial da Saúde
  • WPA – World Psychiatric Association
  • OPAS Organização Pan-Americana de Saúde
  • PNS Pesquisa Nacional de Saúde
  • IBGE  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
  • UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora
  • UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
  • UNICAMP Universidade Estadual de Campinas