A adolescência e a nova educação para os conflitos que não aparecem - SEGUNDA PARTE
Agravando ainda mais a questão, é importante considerar que cada vez mais as crianças e jovens estão expostos a todo diferente e perigoso tipo de influência e enfrentamento.
Desde cedo elas têm que lidar com questões como fases de transição e conflitos, projetos de vida, crises familiares, busca e crise de identidade, busca de ideais nobres e valorizados socialmente, limites e liberdade, paixão e namoro, sexo e sexualidade, amor, auto-realização, vida social, fenômenos psíquicos, gravidez, transtornos sexuais e de comportamento, violência, drogas, AIDS, suicídio, depressão e crises de ansiedade, religião, transformação do próprio corpo, o ‘Ser’ e o ‘Ter’, o propósito da vida, entre inúmeras outras; questões essas que exigem do ‘Ser’, uma estrutura de base para construções sólidas que formarão o alicerce de seu crescimento e amadurecimento ‘Integral’ e ‘ético-moral’.
Esse anteparo psíquico de amadurecimento emocional e psicológico necessário, a maioria não tem, e a questão aqui é bem delicada pois na grande parte das vezes, os adultos – pais e educadores – também não a têm. Dessa forma, diante de uma demanda que se faz cada vez maior, e de estatísticas que assustam em percentuais que não param de aumentar, como dar daquilo de que se está desprovido?.
Saber que modelo responde melhor, é fundamental.
Muitos pais por verem seus filhos bem socializados e engajados na escola ou em grupos de amigos, relaxam acreditando que aparentemente estão bem encaminhados. Isso não é verdade. Apresentem-se eles, ativos, ocupados ou totalmente isolado e apáticos, a necessidade de buscar sentido para a vida e para si próprio é a mesma. E expostos que estão nesta fase, a todo tipo de estímulo, é preciso acompanhar bem de perto
É fato que existem diferentes formas de se educar. E, evidentemente, o método a ser utilizado diz respeito à escolha de cada um. No caso da educação familiar, a prerrogativa da escolha cabe a mãe e ao pai, mesmo se o jovem for maior de idade. Aliás, problema nenhum com isso.
Vale aqui um apontamento: uma vez que os filhos usufruem dos benefícios de permanecerem na casa de seus pais enquanto não têm autonomia para poderem seguir com a própria vida, devem não só continuar colaborando de alguma forma em casa, como respeitando as regras da mesma, que precisam estar claramente determinadas e sendo cobradas pelos pais. Assim funciona o mundo, e nada mais justo que passem a entender e a experienciar o que o mundo exigirá deles.
Diante do desafio de educar, muito provavelmente os pais irão procurar repetir o modelo educacional que receberam dos seus próprios pais, mas é preciso saber que cada forma utilizada impacta de um jeito diferente nos filhos ou alunos, e que esta forma, independente de alcançar resultado ou não, deixará registros profundos na criança ou no jovem. Somando isso ao fato de que cada um deles traz um oceano de variáveis psíquicas, emocionais e psicológicas, o que pode funcionar para um, pode não funcionar para outro. E levando em conta que as demandas dos jovens de hoje em relação a si mesmo, em relação a vida e em relação à família e a sociedade são muito mais profundas e existenciais diante da superficialidade em que se trazem, os conflitos que naturalmente venham a surgir, exigirão o antídoto de uma nova proposta educacional, de alcance muito mais pleno.
Não se trata apenas de dizer que os modelos existentes não funcionam, mas sim de nos atentarmos ao fato de que a realidade integral na qual cada um de nós está imerso – aceitemos ou não – exige atendimento e educação específica e customizada em seus diferentes canais de expressão e comunicação.
Pais e educadores precisam saber que uma criança ou um adolescente, não são apenas as dificuldades que trazem e nem os problemas que apresentam, são muito mais do que isso. E quando as crises existenciais surgem e começam a apresentar sintomas que dificultam não só a vida familiar e escolar, mas a vida das próprias crianças e jovens, é preciso lembrar que problemas todos temos, mas saber como expressar, comunicar e trabalhar nossos problemas devidamente, é ir muito mais além. E isso pode ser feito.
A EDUCAÇÃO PRECISA SIM, SER REPENSADA, SER INOVADORA E ADAPTADA. NÃO ADAPTADA AO ACERVO EDUCACIONAL QUE O EDUCADOR TRAZ OU DEFINE QUE SEJA O CERTO, MAS SIM ADAPTADA ÀS CONDIÇÕES DE EQUALIZAÇÃO QUE OS DIFERENTES UNIVERSOS DE EXPRESSÃO E COMUNICAÇÃO DE CADA CRIANÇA E JOVEM APRESENTAM.
Diante de tão desafiadora tarefa, como proceder?.
Estamos no século da tecnologia, do mundo digital, da IOT-Internet of Things, na qual a maioria dos itens – roupas, maçanetas de portas, cortinas, eletrodomésticos, travesseiros e outros – usados no dia a dia, estarão conectados com a rede mundial de computadores através da internet e de dispositivos como smarthphones, revolucionando completamente nossa forma de viver, uma vez que estreitará o mundo físico e o digital buscando torná-lo um só a serviço do conforto; da AI-Artificial Intelligence, que certamente transformará profundamente a realidade do tecido produtivo global, exigindo adaptações às novas demandas do mercado de trabalho que, por sua vez, exigirá mudanças significativas na educação e na formação do preparo psicológico, emocional e cognitivo, e isto em pouco tempo; do Metaverso, com a criação de um novo universo virtual – 3D – onde as pessoas irão interagir entre si, através de avatares digitais promovendo uma realidade imersiva e interoperável na qual passará a ocorrer um mundo paralelo, hiperrealista, de inter relações, de entretenimento, de mercado de trabalho e de consumo; e tudo isso alimentado por um gigantesco Database-Banco de Dados que irá monitorar, metrificar e desenvolver dados segmentados e ‘clusterizados’ de todos os perfis de público para melhor efetividade na qualidade de prestação de serviços e de gestão de recursos.
Esta já é uma realidade, e desenha um sinal claro de que o ser humano precisará se adequar a uma nova realidade social e mental, através de uma adaptação de equilíbrio em todos os campos de comunicação e expressão do seu ‘Ser’.
A QUESTÃO TODA É EDUCACIONAL. TRATA-SE DE SE INVESTIR EM UMA NOVA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO QUE ALCANCE TODA A SOCIEDADE E QUE NOS CONDUZA A UMA NOVA INTERAÇÃO COM MUNDO DIGITAL E VIRTUAL DE FORMA QUE NÃO VENHAMOS A NOS PERDER E NEM NOS PERDEMOS DO MUNDO. PREPARAR O JOVEM, O ‘SER’, PARA UMA NOVA DIMENSÃO DE VIDA QUE JÁ COMEÇOU.
Uma vez que nos propormos a ajudar nossos filhos a perceberem a própria realidade cósmica em que estamos todos imersos, e uma vez que os ajudarmos a adquirir compreensão de como funcionam e se expressam, tudo mudará.
Os pais e educadores precisam se encontrar ao lado dos filhos e alunos sustentando e cumprindo o firme propósito de ouvi-los, de compreender-lhes as aspirações, infundindo-lhes respeito, ética, valores morais, confiança, autoestima e coragem para que eles possam se sentir aptos e seguros em buscar os caminhos que melhor os representem na realização de seus ideais.
Fundamental a conduta do adulto nesses casos, uma vez que seus exemplos serão o modelo que esses jovens e crianças tomarão para si próprios e que levarão para toda a vida como referência de comportamento, pois os hábitos que se perpetuarem passarão a defini-los.
Isso se dará:
- Esclarecendo-os quanto a necessidade de investimento do próprio tempo e esforço para a consolidação do que sustentam como ideal através do estudo, da dedicação e da conduta correta compreendendo que toda realização é fruto de um trabalho que se inicia dentro de nós e não num papel ou curriculum.
- .Levando-os a ver que se não nos sentimos em equilíbrio e harmonia, não encontraremos paz, resultado e satisfação em nenhum empreendimento feito.
- Esclarecendo e fortalecendo-os na conscientização que todo ser humano é um indivíduo que nasce diferente e que é essa justamente a sua riqueza maior. Que uma vez identificada suas qualidades, características e sonhos, deve-se dedicar a vida a manter e alimentar todas essas virtudes e características que o definem na construção de um novo ser que brilhará exatamente pela sua diferença e não por tentar buscar ser igual ao outro.
- Orientando-os com relação a importância de uma disciplina mental e ação correta no uso de uma vontade determinada e firme.
- Levando-os a perceberem e conhecerem a fundo o amplo espectro socioeconomico e cultural – da mais baixa miséria a classe mais alta – de nosso país, para que cresça com maior consciência social entendendo que compete a cada um, sem excessão, trabalhar para oferecer os mesmos direitos e oportunidades que dignificam o ser humano a se ver como alguém importante e de alto valor.
- E nunca esquecendo de fazer nossos filhos e alunos verem o poder da criação que continua criando e sustentando a vida dentro de leis naturais e em ciclos evolutivos e perfeitos.
Nada disso se consegue apenas falando ou exemplificando, somente.
As novas gerações de filhos exigem de todos aqueles envolvidos em sua educação, total renovação e inovação de processo. Muitos procurarão solução nas inúmeras possibilidades já existentes. Contudo vivemos uma nova era, na qual as demandas de nossos filhos não são tão facilmente atendidas com a educação que herdamos e nem com as terapêuticas disponíveis.
A não ser que a criança ou o jovem já tragam esses valores incutidos na própria alma, é preciso fazer com que nossos filhos e alunos despertem para a importância e a vantagem íntima de seguir nessa direção, para que a escolha de assim proceder, seja deles.
Educar é levá-los a ver o que desconhecem de si mesmo e do mundo, e fazê-los perceber que a vida é muito mais, que vai mais além e que vale todo esforço empreendido, porque o primeiro beneficiado é quem se esforça e se dedica.
Estudar, se planejar, se reformar, se reeducar é o primeiro passo; as motivações certas, o segundo; e fazer tudo isso, estando presente de corpo e espírito, partindo do centro de interesse de cada um com respeito, autoridade concedida e amor, é o passo mais importante.
Educar é uma arte. Uma arte que deve ser estudada com seriedade, aprendida com dedicação e praticada com muito empenho por todos os pais e educadores, como se estuda para medicina, por ex.. Certamente, a função de educador em se tratando do mundo acadêmico, não é uma tarefa para todos. Exige habilidades, muita experiência, tato humano, pedagogia prática e uma visão do ‘Ser’ que ultrapasse as personas.
Um professor deve sempre buscar enxergar o ‘ser’ com suas necessidades e incertezas, medos e inseguranças, para saber trabalhar seus alunos sem se deixar levar pelo ‘encantamento’ de suas reações adversas, – característica da juventude como rebeldia, violência, deboche, sarcasmo e desafio de autoridade – que levam o adolescente a ser rotulado pela sua forma equivocada de se expressar ou afastado pelo professor que não quer servir de anteparo a um jovem desgovernado.
Essas crises de aparente indiferença, agressividade e violência que se manifestam através de deboche ou bullying, demonstram a inabilidade e a dificuldade que o jovem encontra em se comunicar. É a forma que ele se utiliza para dizer que não está bem. Esses jovens precisam ainda mais de amor, orientação e disciplina.
É importante saber: todos nossos alunos querem a felicidade, só não aprenderam ainda como comunicar isso e como viver para realizar isso. Cabe a nós educadores assumirmos esta tarefa e, pela parte que nos cabe, ajudá-los. Por isso esta é uma tarefa para poucos.
Os pais, por sua vez, precisam buscar ouvir mais seus filhos para entenderem as questões trazidas por eles, assim como estudar as novas realidades que representam o ser integral. Além disso, também podem e devem ser trabalhados pelas escolas no sentido de entenderem a própria importância nesse complexo processo da nova educação em que a própria ausência condena seus filhos a uma total deserção de liderança e esperança na vida. Dessa forma, possibilitam que cada um deles possa oferecer o que tem de melhor quando bem orientados e preparados. Um trabalho que ganha muito quando executado a quatro mãos.
A forma de olhar o ser humano mudou. Não podemos mais achar que o papel de mãe ou pai se resume a parir um ser humano, colocá-lo no mundo, amá-lo, provê-lo em suas necessidades e municia-los de informações e educação para se tornarem uma peça mais competitiva e relevante na disputa de posições sociais que atendem uma pseudo-segurança e satisfazem o ego dos envolvidos. Educar um ‘Ser Integral’ preparando-o para a vida, vai muito mais além.
Como podemos perceber, para ser um grande educador ou professor é preciso ter muito amor pela criança e pelo jovem; é preciso talento, uma habilidade própria que, se por um lado pode ser ensinada, aprendida e desenvolvida, por outro precisa de pessoas que amem a função de ensinar a ponto de saber aplicá-la descobrindo caminhos que não os levem a se desviar daquilo que podem oferecer de melhor.
Educar é uma sagrada missão.
Uma missão que é dos pais e que não pode ser confundida apenas com ‘ensinar’ e muito menos ser relegada às escolas.
Uma missão que é dos educadores e que, por sua vez, não deve buscar influenciar seus alunos com suas experiências de viciação, desolação ou frustração, e nem ‘vender’ narrativas ou conceitos de experiências desencantadas.
Trata-se, em ambos os casos, de saber olhar, observar, acompanhar, despertar e fortalecer o potencial de cada um, para que cada um aprenda o valor que traz, que o faz diferente, e que por isso mesmo o torna imprescindível para si mesmo, e de grande valor para a vida e a sociedade.
A criança e o jovem são livres e devem assim permanecer para poderem, educados pelos pais e preparados e preservados pelas escolas, assumirem o novo mundo oferecendo o que têm de melhor, não importando as dificuldades que sempre fizeram parte da vida e que sempre continuarão fazendo.
Não podemos matar os sonhos ou os ideais de uma criança ou jovem. O preço pode ser eles começarem a desistir de qualquer esforço, por acreditarem que não vale a pena viver.
UNIVERSOS DO SER. Centro de Educação e Atendimento do ‘Ser’ com foco no autoconhecimento e na Saúde Integral para uma Vida Nova.
Trabalhando junto pela educação e pela saúde integral de nossas crianças e jovens.
A adolescência e a nova educação para os conflitos que não aparecem - PRIMEIRA PARTE
Um desafio:
Você conseguiria perceber, apenas de olhar para seu filho, se por trás de toda a felicidade estampada no seu jeito de ser, do sorriso e do brilho jovial, se por trás de toda uma agenda lotada de compromissos, viagens com os amigos e afazeres, de todo os posts e discursos em que se mostra sempre sorrindo e bem nas redes sociais, se ele pode estar, através desses gestos, ‘silenciosamente’ pedindo por socorro?
Saberia dizer se sua alegria e abraços estão dando sinais de que algo não está bem com ele? Se quando ele procura você para uma conversa despretensiosa, ele não está sinalizando que precisa de ajuda?
Essa é uma questão que deve ser considerada atualmente: nossos jovens são de uma nova geração e demandam questões existenciais e experenciais que só uma nova educação que considere todos os campos e canais de expressão e comunicação do ‘Ser’, pode ajudá-los na compreensão da própria realidade.
De início, precisamos considerar que uma nova proposta educacional para ser eficiente não pode abrir mão de ser proprietária de uma metodologia que atue nos diferentes universos que o ‘Ser’ traz com ele, ou seja, que atue no campo psíquico (espiritual), emocional, psicológico e cognitivo.
Esse é um processo que precisa se desenvolver levando a criança, o jovem e até os adultos a perceberem, cada um, sua própria realidade existencial de maneira que, senhores de si mesmo, tornem-se os protagonistas da própria história.
Período de transição e conflitos a adolescência guarda segredos inacessíveis ao próprio jovem que só uma educação que fale a todos os seus canais de expressão, conduzida com amor, paciência e com verdadeiro interesse, respeito e endereço próprio, pode ajudar a desvendar com eficiência.
Existe uma grande diferença entre ser o próprio protagonista de sua história de vida, e poder usufruir de uma relativa liberdade para escolher como quer proceder na vida. São duas questões distintas e muito confundidas entre si.
Entendemos que para podermos protagonizar a própria história é preciso ter a capacidade e a autonomia de poder ser quem somos de fato, escolhendo de acordo com o que somos, e em total sintonia com as leis naturais que nos regem pelo que somos, e não, simplesmente, ‘ter a iniciativa de fazer escolhas que considera próprias’, o que, aliás, dificilmente ocorre, já que na maioria das vezes criamos ‘personas’ que nos representam ou espelhamos outras com suas respectivas atitudes e comportamentos.
Trabalhamos aqui com um conceito um pouco mais amplo.
QUANDO PROPOMOS UMA ‘NOVA EDUCAÇÃO’, NÃO ESTAMOS NOS REFERINDO A PRÁTICA DE UM MÉTODO QUE VISA SÓ A EDUCAÇÃO DA FAMÍLIA E A FORMAÇÃO ACADÊMICA, MAS A UM MÉTODO QUE VISA A EDUCAÇÃO COMO UM TODO E QUE SE ADEQUA ÀS TÉCNICAS METODOLÓGICAS QUE MELHOR CORRESPONDAM AO PERFIL DE POTENCIAIS QUE CADA UM TRAZ E QUE NEM SEMPRE TEM CONSCIÊNCIA A RESPEITO DELES.
ISSO SIGNIFICA QUE TODO PAI OU EDUCADOR DEVE ESTAR ATENTO AOS ‘SINAIS’ QUE A CRIANÇA, O JOVEM E O ADULTO EMITEM TODO O TEMPO E QUE PRECISAM SER PERCEBIDOS, LIDOS, INTERPRETADOS E UTILIZADOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE TODO O PROCESSO DE LIBERTAÇÃO, TRANSFORMAÇÃO E CRESCIMENTO DO ‘SER’.
Precisamos saber o que nossas crianças e jovens sentem e passam em cada etapa de percepção da própria identidade e de estruturação da própria personalidade, assim como do funcionamento de todo esse processo.
Este assunto é sério, delicado e muito mal compreendido.
Pela própria constituição elevada – psíquica (espiritual) – em que se traz, o ser humano destina-se a patamares mais elevados daqueles que são norteados tendo o campo físico como base, campo este que fica unicamente restrito aos estímulos de excitação do mundo material.
Esses patamares, ainda que desconhecidos e mitificados pelas visões fantasiosas e oportunistas, e ainda que ‘embaçados’ por uma miopia perceptiva/emocional/psicológica que varia de acordo com a sensibilidade e educação de cada um, são uma realidade existencial, porém percebida apenas parcial e superficialmente através de nossas intuições, percepções, sentimentos e de nossas experiências silenciosas tanto quanto íntimas.
Contudo, o fato de serem parciais e ainda débeis – em uns mais do que em outros -, não deixam de constituir parte fundamental de nossa natureza e de nossa existência.
A interconexão desses canais de expressão e comunicação, que se apresentam em diferentes universos de cada ser, precisam ser considerados, compreendidos e estudados para um entendimento mais claro de seu equilíbrio funcional, para a promoção de sua ‘saúde integral’ e para a constituição de uma estrutura consciente que possa aportar uma nova educação naquele que convencionamos chamar ‘Homo Spiritus’, ou seja, o ‘Ser’ essencialmente psíquico.
O fato de uma criança ou jovem não ser orientado e educado a se ver e entender pelo ‘que é’ e por ‘quem é’ realmente, aprendendo a perceber e a discernir por conta própria qual a razão da vida e qual o seu papel nela, dificulta que compreenda como eles próprios funcionam integralmente através de seus canais de expressão e de comunicação – psíquico/emocional/psicológico/cognitivo. Tal compreensão é essencial para eles possam aprender a se expressar melhor em função de como se sentem, se percebem e percebem o outro e o mundo.
A ausência dessa compreensão diminui sua autonomia e conscientização de responsabilidade diante do uso de todo esse complexo processo que configura a sua própria realidade existencial, e que uma vez não esclarecida devidamente quanto ao seu funcionamento ou conduzida para ser desconsiderada, dispara uma enorme quantidade de conflitos existenciais de difícil solução. Não é por menos que temos um aumento significativo e exponencial de crianças e jovens com crises de ansiedade, crises de identidade e personalidade, angústia, depressão, buscando campos de estímulos e realizações que mais aprisionam dentro de si mesmo do que libertam.
Os conflitos que surgem e as dificuldades que passam a ter que lidar, assustam os jovens exigindo de todos os envolvidos em sua educação, preparo adequado. Cada jovem, um universo diferente. Para cada jovem uma solução própria que só a educação presencial e integral pode atender.
Negar essa realidade é negar o próprio fluxo dessa realidade que escoa do universo por dentro de nós.
Para se ter uma noção mais clara dessa negação, é como se uma pequenina água viva registrasse a percepção de que o universo é todo ‘líquido’.
Sabemos que a educação já conquistou a fase de buscar validar as emoções como parte do desenvolvimento da criança. Mas o momento exige um processo que vá muito mais além. Entendemos que o ‘Ser’ não pode assumir um desenvolvimento completo e seguro de sua ‘Identidade’ e ‘personalidade’ sem que ele se compreenda mais completamente.
Sabendo o que é, quem é, o que quer e quais recursos usar para atingir os seus ideais, ela passará a se amar pela riqueza de suas diferenças, não negando mais a si mesmo e nem buscando corromper a própria identidade pelo desejo de ser aceito e amado ou por querer pertencer a este ou aquele grupo, passando a ‘espelhar’ as personas que encontra e que, sem se dar conta, começam a representá-lo.
Mas e os jovens, os pais e a família?
PARA A GRANDE MAIORIA DAS CRIANÇAS E JOVENS, – PRÉ-ADOLESCÊNCIA A JOVENS ADULTOS – OS PAIS REPRESENTAM UM GRANDE ‘PROBLEMA’ QUE ELES BUSCAM EVITAR OU DRIBLAR, O QUANTO ANTES.
NAS TENTATIVAS DESESPERADAS DE SE FURTAREM DOS CONSELHOS E ORIENTAÇÕES QUE PASSAM A SE CHOCAR COM SEUS NOVOS INTERESSES E VISÕES DE SI MESMO E DE MUNDO, NOSSOS JOVENS CAEM EM UM TIPO DE ARIDEZ E FRAGILIDADE DA PRÓPRIA IDENTIDADE, POR NÃO SE IDENTIFICAREM MAIS COM A FAMILIA E POR NÃO ENCONTRAREM ECO DO QUE PROCURAM NO MUNDO.
A CONTRAPOSIÇÃO DO QUE SENTEM, RESSENTEM, VIVEM E PROCURAM FRENTE AO QUE NÃO ENCONTRAM, CRIA UM ATRASO NO PROCESSO DE ESTRUTURAÇÃO DA PRÓPRIA IDENTIDADE, FAVORECENDO O SURGIMENTO DE INÚMEROS CONFLITOS DE PERSONALIDADE.
Os pais, por sua vez, sem saber exatamente o que acontece, se desdobram em suprir essas necessidades cobrindo os filhos de recursos materiais e superlotando suas agendas de atividades – quando podem – no intuito de mantê-los ativos e ocupados, achando que com isso remediam a questão que permanecem desconhecendo.
Quando percebem que por mais que forneçam recursos e tentem conexão, o jovem prefere manter-se recolhido em seu mundo, recebem como resposta de alguns profissionais que assim é a adolescência, fase da ‘aborrecência’ e que isso faz parte de sua trajetória, assim como fez da nossa. Eis aí, hoje, uma crença perigosa.
De fato, esperada por todos, a adolescência é um período de transição e de ‘equalização’ da personalidade e dos campos de identificação e expressão do ser. Contudo, dados estatísticos atuais sugerem, por parte dos filhos, uma enorme demanda familiar e educacional não atendida e uma carência de maturidade emocional em saber lidar com uma ‘fase’ que apesar de natural, surpreende pelos desfechos mais escabrosos de que se pode observar nas novas gerações.
Experenciando o conflito de não ser mais criança, sem um estrutura psíquica, emocional, psicológica e física organizada e amadurecida, e ainda não adaptado aos diferentes meios sociais aos quais passa a frequentar, o jovem inseguro quanto a indefinição do próprio rumo se retrai refugiando-se na timidez ou expandindo o temperamento que, ainda reativo e desorganizado, pode conforme as circunstâncias, buscar o conflito para expressar seus embates e frustrações.
A dúvida e a incerteza que vive quanto a forma de como se posicionar ou agir diante das circunstâncias da vida e dos próprios conflitos que passa a carregar, leva-o a se resguardar diante do medo que sente pelas possíveis consequências que poderá advir de seus atos, preferindo se isolar em seu próprio mundo que é infinito na dor e no sofrimento.
Inseguro e não querendo se mostrar frágil, assume essa posição conflitiva como expressão que firma e confirma sua personalidade.
Frustrado, despreparado, se sentido preso, sem muitas alternativas que lhe aliviem a ansiedade e estacionado em seu momento angustiante de vida, passa a se entregar a todo tipo de prazer ‘novo’ que lhe surja como um contraponto de equilíbrio, sem se dar conta que com isso passa a se comprometer com todos esses excessos.
Esse é o momento em que a família como base estrutural de formação do ‘Ser’ deve permanecer presente e ajudar.
Porém para que os pais, possam ajudar de fato, precisam estar cientes de quem é o seu filho ou filha. Precisam conhecê-los profundamente, o que só se consegue sendo autorizados por eles. E nunca esquecendo que o papel dos pais é o de serem pais e não ‘colegas’, é o de apresentar um repertório novo e não de querer se revestir do repertório deles.
Para isso precisam estar presentes, não só fisica mas emocionalmente, e precisam dedicar tempo, esforço e espírito de renúncia nos momentos certos, que não são poucos, para só então se capacitarem a conseguir enxergar as pistas e os sinais que subliminarmente a criança e o jovem revelam durante todo o tempo, através das suas tendências, atitudes e comportamentos.
Contudo, a maioria dos pais e educadores, e isso não é incomum, não sabem ou infelizmente não se atentam da importância em fazer isso.
A família é a primeira escola do ‘Ser’, um verdadeiro laboratório de preparação e educação do ser humano. Cabe a ela orientar e educar o filho de forma que ele possa ser atendido em toda a sua realidade existencial.
Porém, com toda uma nova dinâmica de família que já vem tomando a sociedade, a constituição familiar dos dias atuais nem sempre é um campo propício para desafiadora tarefa. Isso desestabiliza a criança e o jovem, que sofrem profundamente não se sentindo acolhidos e sem saber o que fazer para atenuar a própria dor que não para de aumentar.
Para tanto, é preciso entender com clareza as condições íntimas em que nossas crianças e jovens se trazem; a quantidade de circunstâncias de riscos a que se expõem; compreender quais modelos educacionais disponíveis são eficientes para cada um deles; se será preciso criar um modelo customizado de acordo com seus universos de expressão e comunicação; e também como proceder para que isso funcione atendendo e respondendo às demandas que quando não consideradas podem levar a crises de ansiedade, depressão ou até a desfechos mais graves.
As preocupações que se abatem sobre uma mãe ou um pai em função da dificuldade de adaptação do filho à própria vida é altamente justificável. Cada vez mais essas dificuldades exigem terapêuticas imediatas e especializadas que os atendam em todos os seus canais de expressão e comunicação.
Para isso precisam estar presentes, não só fisica mas emocionalmente, e precisam dedicar tempo, esforço e espírito de renúncia nos momentos certos, que não são poucos, para só então se capacitarem a conseguir enxergar as pistas e os sinais que subliminarmente a criança e o jovem revelam durante todo o tempo, através das suas tendências, atitudes e comportamentos.
Contudo, a maioria dos pais e educadores, e isso não é incomum, não sabem ou infelizmente não se atentam da importância em fazer isso.
A família é a primeira escola do ‘Ser’, um verdadeiro laboratório de preparação e educação do ser humano. Cabe a ela orientar e educar o filho de forma que ele possa ser atendido em toda a sua realidade existencial.
Porém, com toda uma nova dinâmica de família que já vem tomando a sociedade, a constituição familiar dos dias atuais nem sempre é um campo propício para desafiadora tarefa. Isso desestabiliza a criança e o jovem, que sofrem profundamente não se sentindo acolhidos e sem saber o que fazer para atenuar a própria dor que não para de aumentar.
Para tanto, é preciso entender com clareza as condições íntimas em que nossas crianças e jovens se trazem; a quantidade de circunstâncias de riscos a que se expõem; compreender quais modelos educacionais disponíveis são eficientes para cada um deles; se será preciso criar um modelo customizado de acordo com seus universos de expressão e comunicação; e também como proceder para que isso funcione atendendo e respondendo às demandas que quando não consideradas podem levar a crises de ansiedade, depressão ou até a desfechos mais graves.