Um desafio:
Você conseguiria perceber, apenas de olhar para seu filho, se por trás de toda a felicidade estampada no seu jeito de ser, do sorriso e do brilho jovial, se por trás de toda uma agenda lotada de compromissos, viagens com os amigos e afazeres, de todo os posts e discursos em que se mostra sempre sorrindo e bem nas redes sociais, se ele pode estar, através desses gestos, ‘silenciosamente’ pedindo por socorro?
Saberia dizer se sua alegria e abraços estão dando sinais de que algo não está bem com ele? Se quando ele procura você para uma conversa despretensiosa, ele não está sinalizando que precisa de ajuda?
Essa é uma questão que deve ser considerada atualmente: nossos jovens são de uma nova geração e demandam questões existenciais e experenciais que só uma nova educação que considere todos os campos e canais de expressão e comunicação do ‘Ser’, pode ajudá-los na compreensão da própria realidade.
De início, precisamos considerar que uma nova proposta educacional para ser eficiente não pode abrir mão de ser proprietária de uma metodologia que atue nos diferentes universos que o ‘Ser’ traz com ele, ou seja, que atue no campo psíquico (espiritual), emocional, psicológico e cognitivo.
Esse é um processo que precisa se desenvolver levando a criança, o jovem e até os adultos a perceberem, cada um, sua própria realidade existencial de maneira que, senhores de si mesmo, tornem-se os protagonistas da própria história.
Período de transição e conflitos a adolescência guarda segredos inacessíveis ao próprio jovem que só uma educação que fale a todos os seus canais de expressão, conduzida com amor, paciência e com verdadeiro interesse, respeito e endereço próprio, pode ajudar a desvendar com eficiência.
Existe uma grande diferença entre ser o próprio protagonista de sua história de vida, e poder usufruir de uma relativa liberdade para escolher como quer proceder na vida. São duas questões distintas e muito confundidas entre si.
Entendemos que para podermos protagonizar a própria história é preciso ter a capacidade e a autonomia de poder ser quem somos de fato, escolhendo de acordo com o que somos, e em total sintonia com as leis naturais que nos regem pelo que somos, e não, simplesmente, ‘ter a iniciativa de fazer escolhas que considera próprias’, o que, aliás, dificilmente ocorre, já que na maioria das vezes criamos ‘personas’ que nos representam ou espelhamos outras com suas respectivas atitudes e comportamentos.
Trabalhamos aqui com um conceito um pouco mais amplo.
QUANDO PROPOMOS UMA ‘NOVA EDUCAÇÃO’, NÃO ESTAMOS NOS REFERINDO A PRÁTICA DE UM MÉTODO QUE VISA SÓ A EDUCAÇÃO DA FAMÍLIA E A FORMAÇÃO ACADÊMICA, MAS A UM MÉTODO QUE VISA A EDUCAÇÃO COMO UM TODO E QUE SE ADEQUA ÀS TÉCNICAS METODOLÓGICAS QUE MELHOR CORRESPONDAM AO PERFIL DE POTENCIAIS QUE CADA UM TRAZ E QUE NEM SEMPRE TEM CONSCIÊNCIA A RESPEITO DELES.
ISSO SIGNIFICA QUE TODO PAI OU EDUCADOR DEVE ESTAR ATENTO AOS ‘SINAIS’ QUE A CRIANÇA, O JOVEM E O ADULTO EMITEM TODO O TEMPO E QUE PRECISAM SER PERCEBIDOS, LIDOS, INTERPRETADOS E UTILIZADOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE TODO O PROCESSO DE LIBERTAÇÃO, TRANSFORMAÇÃO E CRESCIMENTO DO ‘SER’.
Precisamos saber o que nossas crianças e jovens sentem e passam em cada etapa de percepção da própria identidade e de estruturação da própria personalidade, assim como do funcionamento de todo esse processo.
Este assunto é sério, delicado e muito mal compreendido.
Pela própria constituição elevada – psíquica (espiritual) – em que se traz, o ser humano destina-se a patamares mais elevados daqueles que são norteados tendo o campo físico como base, campo este que fica unicamente restrito aos estímulos de excitação do mundo material.
Esses patamares, ainda que desconhecidos e mitificados pelas visões fantasiosas e oportunistas, e ainda que ‘embaçados’ por uma miopia perceptiva/emocional/psicológica que varia de acordo com a sensibilidade e educação de cada um, são uma realidade existencial, porém percebida apenas parcial e superficialmente através de nossas intuições, percepções, sentimentos e de nossas experiências silenciosas tanto quanto íntimas.
Contudo, o fato de serem parciais e ainda débeis – em uns mais do que em outros -, não deixam de constituir parte fundamental de nossa natureza e de nossa existência.
A interconexão desses canais de expressão e comunicação, que se apresentam em diferentes universos de cada ser, precisam ser considerados, compreendidos e estudados para um entendimento mais claro de seu equilíbrio funcional, para a promoção de sua ‘saúde integral’ e para a constituição de uma estrutura consciente que possa aportar uma nova educação naquele que convencionamos chamar ‘Homo Spiritus’, ou seja, o ‘Ser’ essencialmente psíquico.
O fato de uma criança ou jovem não ser orientado e educado a se ver e entender pelo ‘que é’ e por ‘quem é’ realmente, aprendendo a perceber e a discernir por conta própria qual a razão da vida e qual o seu papel nela, dificulta que compreenda como eles próprios funcionam integralmente através de seus canais de expressão e de comunicação – psíquico/emocional/psicológico/cognitivo. Tal compreensão é essencial para eles possam aprender a se expressar melhor em função de como se sentem, se percebem e percebem o outro e o mundo.
A ausência dessa compreensão diminui sua autonomia e conscientização de responsabilidade diante do uso de todo esse complexo processo que configura a sua própria realidade existencial, e que uma vez não esclarecida devidamente quanto ao seu funcionamento ou conduzida para ser desconsiderada, dispara uma enorme quantidade de conflitos existenciais de difícil solução. Não é por menos que temos um aumento significativo e exponencial de crianças e jovens com crises de ansiedade, crises de identidade e personalidade, angústia, depressão, buscando campos de estímulos e realizações que mais aprisionam dentro de si mesmo do que libertam.
Os conflitos que surgem e as dificuldades que passam a ter que lidar, assustam os jovens exigindo de todos os envolvidos em sua educação, preparo adequado. Cada jovem, um universo diferente. Para cada jovem uma solução própria que só a educação presencial e integral pode atender.
Negar essa realidade é negar o próprio fluxo dessa realidade que escoa do universo por dentro de nós.
Para se ter uma noção mais clara dessa negação, é como se uma pequenina água viva registrasse a percepção de que o universo é todo ‘líquido’.
Sabemos que a educação já conquistou a fase de buscar validar as emoções como parte do desenvolvimento da criança. Mas o momento exige um processo que vá muito mais além. Entendemos que o ‘Ser’ não pode assumir um desenvolvimento completo e seguro de sua ‘Identidade’ e ‘personalidade’ sem que ele se compreenda mais completamente.
Sabendo o que é, quem é, o que quer e quais recursos usar para atingir os seus ideais, ela passará a se amar pela riqueza de suas diferenças, não negando mais a si mesmo e nem buscando corromper a própria identidade pelo desejo de ser aceito e amado ou por querer pertencer a este ou aquele grupo, passando a ‘espelhar’ as personas que encontra e que, sem se dar conta, começam a representá-lo.
Mas e os jovens, os pais e a família?
PARA A GRANDE MAIORIA DAS CRIANÇAS E JOVENS, – PRÉ-ADOLESCÊNCIA A JOVENS ADULTOS – OS PAIS REPRESENTAM UM GRANDE ‘PROBLEMA’ QUE ELES BUSCAM EVITAR OU DRIBLAR, O QUANTO ANTES.
NAS TENTATIVAS DESESPERADAS DE SE FURTAREM DOS CONSELHOS E ORIENTAÇÕES QUE PASSAM A SE CHOCAR COM SEUS NOVOS INTERESSES E VISÕES DE SI MESMO E DE MUNDO, NOSSOS JOVENS CAEM EM UM TIPO DE ARIDEZ E FRAGILIDADE DA PRÓPRIA IDENTIDADE, POR NÃO SE IDENTIFICAREM MAIS COM A FAMILIA E POR NÃO ENCONTRAREM ECO DO QUE PROCURAM NO MUNDO.
A CONTRAPOSIÇÃO DO QUE SENTEM, RESSENTEM, VIVEM E PROCURAM FRENTE AO QUE NÃO ENCONTRAM, CRIA UM ATRASO NO PROCESSO DE ESTRUTURAÇÃO DA PRÓPRIA IDENTIDADE, FAVORECENDO O SURGIMENTO DE INÚMEROS CONFLITOS DE PERSONALIDADE.
Os pais, por sua vez, sem saber exatamente o que acontece, se desdobram em suprir essas necessidades cobrindo os filhos de recursos materiais e superlotando suas agendas de atividades – quando podem – no intuito de mantê-los ativos e ocupados, achando que com isso remediam a questão que permanecem desconhecendo.
Quando percebem que por mais que forneçam recursos e tentem conexão, o jovem prefere manter-se recolhido em seu mundo, recebem como resposta de alguns profissionais que assim é a adolescência, fase da ‘aborrecência’ e que isso faz parte de sua trajetória, assim como fez da nossa. Eis aí, hoje, uma crença perigosa.
De fato, esperada por todos, a adolescência é um período de transição e de ‘equalização’ da personalidade e dos campos de identificação e expressão do ser. Contudo, dados estatísticos atuais sugerem, por parte dos filhos, uma enorme demanda familiar e educacional não atendida e uma carência de maturidade emocional em saber lidar com uma ‘fase’ que apesar de natural, surpreende pelos desfechos mais escabrosos de que se pode observar nas novas gerações.
Experenciando o conflito de não ser mais criança, sem um estrutura psíquica, emocional, psicológica e física organizada e amadurecida, e ainda não adaptado aos diferentes meios sociais aos quais passa a frequentar, o jovem inseguro quanto a indefinição do próprio rumo se retrai refugiando-se na timidez ou expandindo o temperamento que, ainda reativo e desorganizado, pode conforme as circunstâncias, buscar o conflito para expressar seus embates e frustrações.
A dúvida e a incerteza que vive quanto a forma de como se posicionar ou agir diante das circunstâncias da vida e dos próprios conflitos que passa a carregar, leva-o a se resguardar diante do medo que sente pelas possíveis consequências que poderá advir de seus atos, preferindo se isolar em seu próprio mundo que é infinito na dor e no sofrimento.
Inseguro e não querendo se mostrar frágil, assume essa posição conflitiva como expressão que firma e confirma sua personalidade.
Frustrado, despreparado, se sentido preso, sem muitas alternativas que lhe aliviem a ansiedade e estacionado em seu momento angustiante de vida, passa a se entregar a todo tipo de prazer ‘novo’ que lhe surja como um contraponto de equilíbrio, sem se dar conta que com isso passa a se comprometer com todos esses excessos.
Esse é o momento em que a família como base estrutural de formação do ‘Ser’ deve permanecer presente e ajudar.
Porém para que os pais, possam ajudar de fato, precisam estar cientes de quem é o seu filho ou filha. Precisam conhecê-los profundamente, o que só se consegue sendo autorizados por eles. E nunca esquecendo que o papel dos pais é o de serem pais e não ‘colegas’, é o de apresentar um repertório novo e não de querer se revestir do repertório deles.
Para isso precisam estar presentes, não só fisica mas emocionalmente, e precisam dedicar tempo, esforço e espírito de renúncia nos momentos certos, que não são poucos, para só então se capacitarem a conseguir enxergar as pistas e os sinais que subliminarmente a criança e o jovem revelam durante todo o tempo, através das suas tendências, atitudes e comportamentos.
Contudo, a maioria dos pais e educadores, e isso não é incomum, não sabem ou infelizmente não se atentam da importância em fazer isso.
A família é a primeira escola do ‘Ser’, um verdadeiro laboratório de preparação e educação do ser humano. Cabe a ela orientar e educar o filho de forma que ele possa ser atendido em toda a sua realidade existencial.
Porém, com toda uma nova dinâmica de família que já vem tomando a sociedade, a constituição familiar dos dias atuais nem sempre é um campo propício para desafiadora tarefa. Isso desestabiliza a criança e o jovem, que sofrem profundamente não se sentindo acolhidos e sem saber o que fazer para atenuar a própria dor que não para de aumentar.
Para tanto, é preciso entender com clareza as condições íntimas em que nossas crianças e jovens se trazem; a quantidade de circunstâncias de riscos a que se expõem; compreender quais modelos educacionais disponíveis são eficientes para cada um deles; se será preciso criar um modelo customizado de acordo com seus universos de expressão e comunicação; e também como proceder para que isso funcione atendendo e respondendo às demandas que quando não consideradas podem levar a crises de ansiedade, depressão ou até a desfechos mais graves.
As preocupações que se abatem sobre uma mãe ou um pai em função da dificuldade de adaptação do filho à própria vida é altamente justificável. Cada vez mais essas dificuldades exigem terapêuticas imediatas e especializadas que os atendam em todos os seus canais de expressão e comunicação.
Para isso precisam estar presentes, não só fisica mas emocionalmente, e precisam dedicar tempo, esforço e espírito de renúncia nos momentos certos, que não são poucos, para só então se capacitarem a conseguir enxergar as pistas e os sinais que subliminarmente a criança e o jovem revelam durante todo o tempo, através das suas tendências, atitudes e comportamentos.
Contudo, a maioria dos pais e educadores, e isso não é incomum, não sabem ou infelizmente não se atentam da importância em fazer isso.
A família é a primeira escola do ‘Ser’, um verdadeiro laboratório de preparação e educação do ser humano. Cabe a ela orientar e educar o filho de forma que ele possa ser atendido em toda a sua realidade existencial.
Porém, com toda uma nova dinâmica de família que já vem tomando a sociedade, a constituição familiar dos dias atuais nem sempre é um campo propício para desafiadora tarefa. Isso desestabiliza a criança e o jovem, que sofrem profundamente não se sentindo acolhidos e sem saber o que fazer para atenuar a própria dor que não para de aumentar.
Para tanto, é preciso entender com clareza as condições íntimas em que nossas crianças e jovens se trazem; a quantidade de circunstâncias de riscos a que se expõem; compreender quais modelos educacionais disponíveis são eficientes para cada um deles; se será preciso criar um modelo customizado de acordo com seus universos de expressão e comunicação; e também como proceder para que isso funcione atendendo e respondendo às demandas que quando não consideradas podem levar a crises de ansiedade, depressão ou até a desfechos mais graves.