Afinal, o que está acontecendo com o mundo e com os nossos jovens?

Vivemos uma revolução em nossas vidas e em todo o mercado de trabalho. Grandes marcas e empresas fecharam, novas marcas nascem numa velocidade ‘unicórnica’, o mundo digital mudou a forma como as pessoas se relacionam consigo mesmas, com o outro e com a compra e a necessidade de consumo de certo produtos e serviços que elas nem se davam conta de que viriam a precisar.

Tudo isso passa a ser responsável por uma mudança de atitudes e de comportamentos na vida, que encontrando o ‘Ser’ desequipado para um mundo tão fluido e dinâmico, confronta-o com ‘realidades’ as quais começa a perceber a própria dificuldade em saber lidar.

Essas dificuldades ocorrem no universo pessoal, familiar, profissional e em toda a sociedade. A nova realidade pandêmica só explicitou questões que inevitavelmente precisavam ser observadas, analisadas e trabalhadas, e que vinham sendo proteladas.

A mudança que se opera na estrutura familiar e que aparentemente se desmonta dos formatos tradicionais sem conseguir levar para os novos modelos de convívio uma estrutura de gestão holocentrada, – visando o bem comum – isola o ‘Ser’ numa espécie de egoísmo em que se perde e se fere, revelando a fragilidade da base em que se traz e que se convencionou, na sociedade, chamar de ‘Educação dos novos tempos’. 

Sentindo-se despreparados, e diante das consequências pela forma que escolheram viver seus interesses e sonhos, nossos jovens, mesmo considerando as grandes conquistas que operam no campo técnico, começaram a se sentir vulneráveis, a duvidar de si mesmos e a questionar se estão preparados para assumir o protagonismo de suas próprias vidas. 

Não vendo sentido em se adaptar a um mundo que não compreende, que pode se apresentar hostil e no qual se sente desequipado para saber lidar, o ser, em um movimento natural se retrai na ansiedade, na angústia e na depressão, e se expande na fuga de si mesmo.

Importante lembrar a distinção existente entre o ‘assumir o protagonismo da própria vida’ e a ‘liberdade de poder escolher o que fazer’. Poder fazer escolhas não significa ter condições de assumir o protagonismo na condução da própria vida. 

O problema que atravessamos não está, evidentemente, no ato de se sentir vulnerável, impotente, triste, incapaz, ou até derrotado. O estado de saúde do ser é ‘oscilante’ e esses sentimentos, apesar de muito incômodos e até perigosos quando em estado crônico, são os pontos ‘baixos’ de contraposição a outros ‘altos’ que precisam ser alcançados para resgatar a pessoa ao seu estado de equilíbrio.

Convém observar que a ‘permanência’ em apenas um desses extremos de comportamento é o que termina por levar o ser a um estado alterado de consciência, cujo sintomas configuram os mais desastrosos diagnósticos de transtornos e que, quando definidos, terminam por direcionar a terapias medicamentosas muitas vezes intensas e longas, e que nem sempre alcançam a recuperação plena do paciente. 

De onde então, pode provir a causa dessa inaptidão em lidar com o novo cotidiano e do surgimento de tantos conflitos existenciais que nos distanciam ou nos desconectam, lançando-nos para ‘realidades alternativas’?

Estará, parte delas, com os pais que a pretexto de precisarem trabalhar e adquirir o que definem como prioridade, não conseguem estabelecer uma relação presencial para poderem oferecer o recurso psicológico e emocional necessário à formação do indivíduo no momento que forem demandados? Estará no novo e conveniente conceito de que é preciso dar espaço para o livre aprendizado e amadurecimento no campo da vida, mesmo que a criança ainda não apresente condições psicológicas adequadas para tal iniciativa, e que lançada prematuramente, tal iniciativa termine por sequestrar sua infância diante de tanta permissividade que novas propostas de autonomia e liberdade passaram a absorver? Ou estará no fato de que a geração atual já é refém de uma geração de pais deserdados e carentes que não foi devidamente preparada para saber educar e que se sentem no direito de delegar essa tarefas às instituições de ensino por estarem pagando? 

Diante das inúmeras exigências imediatas e constantes feitas por agendas superlotadas, pelas instituições de ensino, pelos ambientes corporativos, pelas relações humanas e até por si mesmo, cada um de nós – crianças e adultos – começa a questionar se vale a pena se submeter a tamanho desconforto de um processo exaustivo e frenético chamado ‘vida’ e que se faz mover por metas, resultados e lucro. 

Através do próximo nos encontramos como um ‘Ser de totalidade’, como um Ser Integral..

Não é de admirar que para alarmar ainda mais o cenário, a nova geração pára diante disso tudo, analisa e conclui que não faz nenhum sentido seguir nessa ‘power trip’. “Tô fora”, exclamam; e não é para menos.

Se as novas gerações, por não verem sentido em se adaptar num mundo que se apresenta hostil e raso de significados, buscam se isolar na ansiedade e depressão ou fugir através de estímulos de prazer que só fazem aumentar a ansiedade e o desejo de acabar com a dor e o sofrimento que os asfixia; e se as gerações mais antigas se desesperam tentando se adaptar aos novos formatos onde o acervo que trazem não é suficiente, exigindo de cada um atualizações sem fim, de cursos e novas habilidades, surge então um grande dilema: 

Afinal de contas, o momento é de adaptação ou de mudança?

Será que se trata de nos adaptarmos ao novo ‘normal’ que não pára mais de mudar e que nos pressiona a estarmos sempre mais e mais atualizados e capacitados para uma sociedade em que ‘ter’ é o diferencial e a justificativa para tudo, ou o que precisamos é nos reestruturar psíquica, emocional e psicologicamente para podermos prosseguir com mais qualidade de vida, seja no que for que tivermos de fazer e enfrentar?

E mais: poderá uma reestruturação do ‘Ser’ inferir mudanças na direção e na forma como vamos nos desenvolver e crescer tecnológica, digital e socialmente? Acreditamos que sim e, aliás, com nenhum tipo de dúvida quanto a isso. 

O grande desafio que a pandemia deixa como legado à humanidade, não é em como iremos nos adaptar às mudanças que o futuro nos reserva, mas sim o fato de que não podemos mais viver sem a valorização da vida e do ser humano, sem uma clareza de propósito, de valores morais, de ética, de empatia e de consideração que transcendam fronteiras e que respeitem as divisas de cada nação. 

É fácil verificar através de dados estatísticos que o ser humano se encontra apático, inerte, frustrado, irrealizado, passivo diante de si mesmo e da vida, e que precisa reagir para poder ser o protagonista de sua própria história e coautor das novas páginas da história que dissiparão terminantemente do mundo o egoísmo e a infelicidade; redefinindo completamente os conceitos de ‘educação’ e de ‘amor’.

Para tanto, cada um precisa se rever e se reorganizar como ‘Ser Integral’, e fazer isso atuando em todos os seus universos de expressão: psíquico, emocional, psicológico, cognitivo e físico. Quanto mais cedo puder iniciar o processo, melhor. Mais clareza quanto ao que é, maior definição quanto aos seus objetivos, maior capacidade em poder realizar seus sonhos e mais satisfação em poder vivê-los. A sensação de bem-estar que se obtém com tal iniciativa, quando feita devidamente, é indescritível. 

Afinal, antes de mais nada, e isto é essencial, precisamos lembrar que somos seres humanos e, antes de tudo, seres espirituais; todos nós provenientes de uma inteligência criadora, e com uma razão de ser, queiramos aceitar ou não. Sentir isso e compreender, mais do que acreditar, faz diferença. E se pairar qualquer tipo de dúvida basta perguntar a si mesmo: Por que em um universo que não pára de se expandir ao infinito em espaço e tempo, encharcado de trilhões de galáxias, deveríamos decidir por fechar os olhos num pequeno planeta escondido em um microscópico sistema solar, perdido no meio de apenas um desses ínfimos pontinhos de luz galáctica, e ignorar tal fato?

UNIVERSOS DO SER. Centro de Educação e Atendimento do ‘Ser’ com foco no autoconhecimento e na Saúde Integral para uma Vida Nova.