Nossa Relevância
DISTORÇÃO DA REALIDADE: POR QUE AGIR DE MANEIRA A NOS TORNARMOS ALGUÉM QUE NÃO ADMIRAMOS.
O Processo de mudança é contínuo, sabemos. E as grandes transformações que atravessamos, mediada pelas revoluções no campo da ciência e do comportamento humano trazem surpreendentes e inesperadas contribuições à sociedade. Contudo, a humanidade continua adoecendo cada vez mais. Hoje, temos um número crescente de adolescentes, pais e até idosos apresentando sinais claros de transtornos e descontentamento que se agravam num momento muito delicado pelo qual estamos passando.
A necessidade dos jovens de obter aprovação social, somada à necessidade de pertencimento em diferentes grupos das redes sociais que os representem, dificulta, cada vez mais, a conquista da própria identidade.
Não se trata só da pandemia, apesar dela ter mudado muita coisa. Há décadas, os institutos e organizações da saúde observam um aumento muito preocupante nos índices que monitoram e medem doenças e comportamentos sociais.
Segundo as pesquisas, temos um percentual muito grande de crianças e jovens em crises profundas de ansiedade, não realização e depressão, extremamente agressivas e relutantes às diretivas educacionais; buscando o suicídio ou alternativas de fuga que os lançam em estados alterados de consciência e de comportamento por ingressarem, cada vez mais, em estados de dependência química e emocional; diagnósticos cada vez mais graves de transtornos mentais em crianças, jovens e adultos a cada ano; desconexão e desorientação social; ausência de conceitos éticos e morais; ressignificação estrutural da família criando grupos por identificação de gostos e um enorme vazio existencial; acomodação com níveis de apatia e de ansiedade altíssimos; expectativas de resultados imediatos ou de curto prazo demonstrando falta de amadurecimento emocional, assim como uma total ausência de protagonismo alimentada por falta de experiência em gestão de crise, falta de maturidade no uso das diferentes inteligências, falta de respeito e consideração a si mesmo e ao outro com quem se relaciona, entre tantas outras consequências que ratificam um diagnóstico social lamentável, apesar das inúmeras conquistas no campo da ciência e do conhecimento humano.
Mas apesar de todo o mau estar e aversão frente a todo este drama que vivemos e experenciamos, mediante esses terríveis sintomas que evoluem para diagnósticos e tratamentos muito difíceis, nada muda. Ao contrário, agrava segundo as estatísticas, uma vez que não mudamos nossa forma de viver repetindo sempre as mesma atitudes e comportamentos.
Mudanças não ocorrem apenas pela aversão que nutrimos de experiências de desconforto, reprovação ou incorformismo íntimo. Mudanças ocorrem quando mudamos. Queremos um mundo diferente? Precisamos fazer este mundo para nós. A maioria de nós se agita em agendas superlotadas de tarefas e compromissos, abraçamos causas, defendemos bandeiras, ocupamos o próprio tempo até a exaustão argumentando estarmos fazendo todo o possível ao nosso alcance, mas por dentro permanecemos exatamente iguais, não há mudanças significativas na forma de pensar e de viver. Atividades e atribuições não é exatamente o que muda, desejar ser melhor emudar para isso acontecer, sim.
Mesmo que todas essas iniciativas nos façam refletir, nem sempre são suficientes para sensibilizar uma mudança em nosso jeito de viver, o que de fato mudaria o mundo. Enquanto isso esperamos que alguém mude o mundo e o torne melhor.
Civilidade cuida de não desrespeitarmos o outro. Reforma ético-moral cuida de queremos viver com consideração e respeito. É uma diferença abismal e um tanto óbvia mas é justamente esta obviedade, o grande problema.
Contudo uma mudança dessa demanda preparo; demanda uma cultura de estudo, autoanálise, observação, reflexão e compreensão de si mesmo que, quando não feita, nos mantém dentro do próprio desequilíbrio social que de alguma forma nos espelha.
A luta para não nos sentirmos absorvidos por todo esse processo somada a toda uma cobrança social nos obriga a demonstrar que não estamos mal e nem infeliz.
O mundo virtual é definitivo. A questão é saber utilizá-lo para promover uma maior humanização.
APESAR DE CADA UM QUERER TRANSPARECER NA REDES SOCIAIS QUE VIVEMOS A VIDA DOS SONHOS, O QUE AUMENTA E AGRAVA AINDA MAIS OS CONFLITOS, TAL SITUAÇÃO DEFINITIVAMENTE NÃO REFLETE A REALIDADE EM QUE GRANDE PARTE DE NÓS SE ENCONTRA E VIVE. AO MENOS, NÃO É O QUE AS ESTATÍSTICAS DEMONSTRAM.
A situação é tão alarmante, que os próprios entrevistados não têm um quadro claro a respeito de si mesmo com relação ao que idealizam, procuram, encontram e vivem. A solução é buscar ajuda, orientação e tratamento, quando necessário.
Mas se o tratamento não for adequado a situação pode agravar. É muito arriscado escolher terapias que nos sejam simpáticas e depositar a fé na esperança de que resolvam questões tão delicadas quanto desconhecidas e profundas. Desconhecidas de quem as têm e da maioria daqueles que trabalham com a saúde e o espírito humano. E profundas numa dimensão completamente inacessível.
Imprescindível que o tratamento esteja adequado à necessidade da pessoa, o que nem sempre acontece. E em um processo de acerto e erro, passamos a vida tentando a sorte.
Soluções
SOLUÇÕES: EXISTEM?
Para muitos, detectar o problema não é tão difícil. Basta se atualizar com os dados estatísticos, ouvir os pacientes, observar e avaliar os modelos psicológicos e emocionais utilizados nos depoimentos e nas narrativas, perceber como os sintomas se definem dentro dos diagnósticos já estabelecidos pelos código de doença vigente frente a cada quadro apresentado e começar a trabalhar com os pacientes. Mesmo que de uma forma limitada por diagnósticos parciais que desconsideram grande parte do ‘Ser’.
MAS E QUANTO A CURA, ELA EXISTE? E SE EXISTE, EXISTE PARA QUALQUER TIPO DE PROBLEMA?
Veja, não estamos nos referindo apenas a ser medicado ou a iniciar um processo de tratamento terapêutico. Estamos, aqui, avaliando sob o ponto de vista de quem passa pela situação de angústia e sofrimento psicológico, emocional e até mental e físico. Esses processos traumáticos e conflituosos que estabelecem transtornos comportamentais de toda ordem, têm solução ou não?
Haverá solução, para questões tão individuais e diferentes quanto ao perfil e a intensidade com que cada conflito, drama ou problema afeta cada um de forma tão própria e individual?
A resposta a essas perguntas está pautada numa equação de simples entendimento:
QUALQUER DESEQUILÍBRIO OCULTA O ESPAÇO DO SEU PRÓPRIO EQUILÍBRIO. E A FORMA DE ENTENDER A QUESTÃO AFETA DIRETAMENTE A PRÓPRIA QUESTÃO E O MÉTODO A SER UTILIZADO NA SOLUÇÃO DELA.
Sim, há solução sem dúvida alguma.
Contudo, o que importa é uma outra questão: queremos a solução?
Muitos de nós se colocou direta ou indiretamente, de forma consciente ou inconsciente, culposa ou até dolosa nas situações de dor e desespero em que se trazem como vítimas de si mesmos. E quando são convidados a mudar o próprio cenário, receosos de mergulhos mais profundos na própria realidade, permanecem na superfície da consciência com a anuência de alguns terapeutas, evitando a própria realidade e tentando, por anos, descobrir qual a melhor forma de aceitar e conviver com os conflitos, ao invés de buscar as suas causas e trabalhar para saná-las.
Outros tantos, diante de propostas de solução mais incisivas, se assustam e tomados pela insegurança ou medo, de braços dados com a própria falta de iniciativa e de vontade para mudar o cenário, se adaptam à condição de dependentes do tempo em processos que atravessam os anos tentando se convencer de que precisam de mais tempo para aprender a conviver com o cenário de dor e sofrimento que os transtornam.
O caminho, e não dá para negociar, é interno e externo. Um movimento de total revisão e reeducação em tantos aspectos que enumerá-los seria longo e talvez impreciso, já que cada um demanda um caminho próprio. Mergulhar e se descobrir, retornar e se observar; imergir e se conhecer, emergir e se identificar.
Se absorver nas próprias sombras e buscar a luz própria. Isso mesmo, não há como alguém preenchido de medo, descrença, desconfiança, revolta, raiva, ódio, mágoa, insegurança, ciúme, inveja ou sentimento de vingança, recorrer a uma terapêutica e acreditar que pode resolver seus conflitos que o expressam de maneira tão cruel consigo próprio. Nem com 20 anos de atendimento.
Há solução, mas é preciso redesenhar a vida e fazer escolhas, novas escolhas; daquilo que será mais adequado a um novo momento de libertação, de transformação e de um novo crescimento.
É um novo processo educacional e terapêutico de si mesmo e da vida. Para si mesmo e para a vida.
Totalmente possível e totalmente acessível a todos.
Basta querer realmente para poder, sob nossa condução, alçar novos horizontes de realização, harmonia e integração.