Acredite: o novo desafio das escolas não está no ensino híbrido. Está na proposta educacional, na filosofia de atuação e no corpo docente.

Se pararmos hoje, após toda a experiência vivida com a pandemia, e decidirmos perguntar a todos os envolvidos na área da educação, qual o extrato de toda a experiência vivida pelos alunos, pais e escolas nos últimos dois anos, o resultado será uma grande interrogação. Muito mais pelo que a pandemia revelou do que por ela própria. Crianças interessadas, envolvidas, engajadas, querendo aprender, totalmente comprometidas com o estudo e com o que o futuro pode lhes reservar, atravessam qualquer cenário, por mais difícil que seja, e conseguem se recuperar de possíveis danos e prejuízos. Pois têm foco claro e carregam vontade e determinação. Mas não é essa a realidade que temos vivido em nossa trajetória educacional.

Por não terem a menor ideia do que fazer realmente, pois a questão que vem de longa data, – pré-pandemia -, já demonstrava uma espécie de falência do sistema de ensino, tanto os investidores quanto inúmeros profissionais da área, saem apostando todas as fichas em tecnologia, gameficação, sistema de ensino híbrido, plataformas digitais, dispositivos com apps, para gerar engajamento e não perder mercado. Vai funcionar?

Apesar do fato de que muitos jovens estavam se asfixiando em profundas angústias, com crises depressivas e de ansiedade por permanecerem em casa por tanto tempo, querendo voltar às salas de aula; apesar do estranhamento de terem tido que ativar para estudo e provas, plataformas e dispositivos que eram reconhecidos apenas como ambientes de área de lazer, o que gerou desconcentração por parte da maioria por ativação das redes sociais em horário de aulas; apesar de inúmeros professores se desdobrarem para aprender a fazer algo que não tinham sido preparados e que nem apresentavam vocação – dar aulas online – com receio de perderem o emprego, o que gerou um verdadeiro show de besteiras e atrocidades que viraram memes em grupos fechados de inúmeras redes sociais; apesar de se poder fazer as provas em grupo e com consulta o que não evitou, segundo pesquisas, que grande percentual de alunos ficassem com média abaixo de 4.0 em 10, e isso promover um êxodo em busca de professores particulares que passaram a fazer parte do cenário de estudo dos alunos com suas metodologias próprias que conflitam com a das escolas, duas coisas ocorreram: todos percebemos o caos e o despreparo que foi toda esta experiência durante esse longo período, o que levou famílias a duvidarem do sistema educacional e das escolas de seus filhos, e as instituições de ensino passaram a assumir, sem desejar, um gigantesco e enorme desafio: provar que a falência e o despreparo desses dois anos não representam suas propostas educacionais, suas filosofias de atuação e muito menos um corpo docente fraco.

Analisando de perto, a situação é mais difícil e delicada do que aparenta.

As escolas apostarão em modernização de métodos e de tecnologia digital. Mas não poderão se descuidar do mais importante: O aluno e o sistema de ensino. Fragilizado na suas estruturas psíquicas, emocionais, psicológicas e cognitivas precisam de uma nova educação. 

Alguns empresários e responsáveis da estrutura do poder da área da educação acreditam que mais uma vez se trata de uma questão para soluções ‘provisórias’, e que o tempo agirá em favor do esquecimento desse episódio triste para o país em termos de saúde, tanto quanto para a educação. E sustentam essa opinião pelo histórico de experiências graves que o Brasil já atravessou e que permaneceu passivo diante delas. Não acreditamos nisso mesmo. Não na era das redes sociais.

Em verdade, vislumbramos uma ruptura no processo de aprendizagem que será tomado, não pelas rédeas das escolas que vão buscar se aparelhar tecnologicamente, mas pela própria internet que através de grandes empresas digitais vão buscar esse público em potencial. Mas este é um assunto para outra pauta. Com a pandemia e toda essa comoção, algumas questões que estavam adormecidas no assoalho desse grande mar morto começaram a vir à tona e percebeu-se que a pandemia é moral e que se alastrou, queiramos aceitar ou não.

O desempenho, por exemplo, há mais de dez anos, dos alunos brasileiros no Pisa, exame internacional de educação realizado pela OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que cada vez que é tornado público, envergonha toda a nação e as escolas públicas e privadas, por manter sua média de pontuação sempre entre as últimas posições do mundo; o aumento exponencial de crianças analfabetas e totalmente comprometidas com o desenvolvimento do próprio raciocínio; a total falta de interesse da criança em aprender no modelo de ensino existente; professores concursados ou não, totalmente despreparados para darem aula e promover a implementação de qualquer sistema educacional; o desânimo por parte dos professores de se sentirem reféns de um sistema que se mostra insuficiente e incapaz de se renovar; a total falta de engajamento, interesse e compromisso por parte do corpo docente em rever processos que possam ser mais efetivos dentro do modelo de ensino aprovado; alto nível de ansiedade dos professores por se sentirem despreparados frente a esta nova demanda reprimida de professores que saibam dar aulas online – de maneira, dinâmica, leve, divertida ou se necessário, performática -; professosres que são verdadeiras máquinas de despejar conteúdo, no único interesse de cumprir uma pauta, sem interesse real pelo processo de aprendizagem de seus alunos, ou seja, buscar descobrir o que o aluno já sabe, o que quer aprender, qual o significado que aquele assunto possa vir a representar e ter para ele, buscar compreender qual a base de conhecimento que trazem, e qual o centro de interesse que pode ser utilizado na aprendizagem; outra realidade revelada são crianças desrespeitosas, agressivas, violentas e ameaçadoras que põem a vida dos professores e a de outros alunos em risco; abusos de toda ordem, bullying, coerção física e moral; suicídios e crimes dentro das escolas, entre inúmeras outras tragédias que descrevem a realidade dfo ensino em nosso país.

Quando olhamos o resultado dessa falência refletida no país, a situação ganha uma visibilidade muito sombria.

Segundo o Inaf – Indicador de Alfabetismo Funcional, que pesquisa há décadas o assunto em questão, temos mais de 70MM de brasileiros analfabetos funcionais; apenas 12% da população brasileira em idade para trabalhar, capazes de entender e de se expressar por meio de letras e números; apenas 8% dessa  mesma população ‘proeficientes’ (com condições mínimas de pensar e produzir conhecimento), apenas 4,5% dos estudantes no Ensino Médio apresentando aprendizagem adequada em matemática e somente 1.6% em lingua portuguesa.

E as escolas e cursinhos se degladiando na mídia, vendendo garantia de resultado no ENEM e garantia de ingresso nas melhores universidades do país, usando para isso meia dúzia de jovens dotados, dedicados e comprometidos com o estudo, que em troca de bolsas integrais, emprestam seus nomes e imagem para propaganda desses ingressos tão valorizados a peso de ouro, dando aval às instituições que assim procedem para dizer que são as melhores opções do mercado por conquistarem ingressos nessas disputadíssimas universidades.

E se você, leitor, acha que esta análise superficial está se aproveitando do momento delicado pelo qual todos passamos, fazemos questão de lembrar uma frase de uma professora de português, proferida em uma aula do 8º ano de uma escola do ensino público no bairro de Moema, na cidade de São Paulo, um pouco antes da pandemia, quando dissertava a respeito de condicionamento social a que estamos todos, de alguma forma, submetidos.

“Vocês (se dirigindo às crianças) precisam entender que são constantemente condicionados a serem a mão de obra da sociedade, a serem a mão de obra dos ricos e dos poderosos, de um mercado de trabalho duro e implacável. E não há o que se fazer contra isso. Vocês todos que estão aqui (se dirigindo às crianças na sala) precisam entender que vão ser os futuros pedreiros, frentistas, manobristas, porteiros, motoristas, diaristas, lavadeiras da nossa sociedade. E precisam entender que isso vai acontecer porque com a realidade que vivem e trazem com vocês não dá para ser diferente. A sociedade precisa e vai exigir isso de vocês.”

O que mais impressiona nesta frase é que todas as crianças daquela sala depois de ouvirem-na de forma impassível, permaneceram quietas e sem esboçar nenhuma reação, sequer a de um ideal ou de um sonho.

Diante de tal episódio vale recordar o que disse Kailash Sayarthi em seu discurso de recebimento do Prêmio Nobel da Paz em 2014: “Não há violência maior do que negar um sonho a uma criança”.

O que agrava ainda mais o problema, é que os novos alunos que nascem dentro desse sistema, acham isso extremamente normal. Desprovidos de qualquer senso crítico ou critério, já que são levados a acreditar que não podem mudar a própria realidade e que devem aceitar passivamente o que lhe oferecem. E uma vez que não são devidamente conscientizados do direito que têm de reflexionar a respeito do assunto e de que podem questionar o sistema através de iniciativas e propostas inovadoras, partem para caminhos que possam realizá-los de maneira mais rápida e satisfatória. Impossível competir, nesse quesito, com as drogas e a internet com todo o arsenal de estímulos que oferece. E uma vez dentro delas, a criança parte em busca de realizar virtualmente o que não aprendeu a fazer na vida real. Nesse mundo digital a criança e o jovem podem ser quem ou o que quiserem.

Mais tarde, aqueles que não querem desistir saem em busca de auxilio para ingressar no Ensino Superior  através do recurso fornecido pela Lei de Cotas, uma lei que nasceu para atender pessoas desprestigiadas de recursos financeiros e vítimadas pela falta de inclusão. Não um recurso para colocar pessoas despreparadas e analfabetas dentro de uma universidade sem a menor condição de cursá-la e de permanecer dentro dela.  Não se cria ‘inclusão’ empurrando pessoas para onde não se sentem acolhidas ou preparadas para se expressar. O recurso pode ser bom mas não substitui o trabalho educacional que está por se fazer.

Entendemos que igualdade de oportunidades só ocorre quando os começos são iguais para todos. O aluno sem recurso precisa primeiro de resultados melhores para, aí sim, poder usufriur de um recurso que o ampare economicamente. Isso sim, é conceito de inclusão. Quem estranha a colocação que verifique o percentual de formados atraves dessa frente de incentivo.

A falência do ensino exige uma reação imediata e direta na proposta educacional, na metodologia e na forma do aluno de se ver como um ser humano mais capaz e completo. 

Nossos déficits são de base. Mas isso, ao contrário do que se possa vir a pensar, não quer dizer, ‘necessariamente’, que o atraso que vivemos nos coloca em uma condição ‘terminal’. Estamos todos aprendendo muito com isso.  A situação em que nos encontramos é favorável a um reinício com todo o aprendizado que o Brasil adquiriu e com o enorme legado que os países que se reergueram, das mesmas condições, têm para nos ensinar.  Há muito a se fazer.

O que não podemos mais é tratar deste assunto com olhos viciados apenas nos ganhos e nas manobras políticas e financeiras do mercado. Precisa-se considerar as perdas, que são muitas, e que somam desde alguns anos muitos desafios a todos os envolvidos.

Dentre as inúmeras iniciativas possíveis que poderemos abordar e trabalhar detalhadamente em um momento mais oportuno como, por exemplo, inovações ainda no pré-escolar que possam levar o pequeno estudante a começar a se tornar protagonista na sua própria sociedade do conhecimento; desenvolvimento de atividades de ‘aprendizagem’ e não somente de ensino, que os estimulem a pensar, refletir e debater, entre outras aquisições iniciais, afirmamos que o foco primeiro precisa estar no ‘Ser’.  Não se trata só de falar em ensino ‘humanizado’, ‘inclusivo’. Mas de promover uma visão do ‘Ser’ dessas crianças. Pequeninas, frágeis, delicadas e dependentes de nossas melhores habilidades e competências. Habilidades e competências que devem estar presente em todos os atores desse processo educacional. Quando tentamos impingir uma visão humanista a desinteressados e indiferentes, não podemos esperar mudanças, porque aquela ‘visão’ ao invés de se tornar uma experiência de ‘transformação’, irá se tornar uma apenas uma pauta, um conteúdo programático a ser implementado e forçosamente seguido por diretores, coordenadores pedagógicos, professores e assistentes.

Todos precisamos ser trabalhados! Todos, sem excessão! Caso contrário teremos apenas pequenos grupos dentro das escolas e universidades comprometidos com essa renovação. E grupos que terminarão precisando debater o tempo todo, com frentes de resistência política, ideológica ou até pessoal, que no interesse de prevalecer o ‘seu’ ponto de vista não cederá e não trabalhará pelo bem comum.

Esse exemplo deve partir de cima, inclusive dos investidores que querem e devem buscar o seu lucro, mas que podem e devem fazê-lo ‘exigindo’ construção ‘social’, ‘educacional’ e ‘humana’.

Dessa forma conseguimos oferecer autonomia da aprendizagem que quando desenvolvida corretamente estimula a criança, o ‘Ser’, a aprender continuamente. E este é um processo que quando implementado leva a criança a querer se envolver com a aprendizagem de maneira contínua, não importando se serão aulas presenciais, online, híbridas, se serão nas férias, nos finais de semanas, aonde estiver, tornando a criança ativa na busca do conhecimento.

O método de trabalhar, de preparar e de estimular cada equipe, cada grupo de cada escola e de seus respectivos professores não precisa e nem deve ser o mesmo. Precisa considerar cada perfil de grupo e cada filosofia educacional. Mesmo que as escolas estejam trabalhando com metodologias de ensino ativas. Isso, porque cada um traz consigo seu próprio material a ser trabalhado: alunos, coordenadores, supervisores, diretores, empreendedores, e assim por diante. E a riqueza de possibilidades é infinita, e nenhuma é mais importante do que outra.

Explicamos:

A FORMA como o ‘Ser’ se sente visto, analisado, avaliado, parte integrante, questionado e estimulado, infere profundamente nos universos de expressão que ele traz em si, e do qual se utiliza para se comunicar com ele mesmo e com o mundo ao seu redor; ele faz isso ‘scaneando’ e ‘registrando’ nele próprio as ideias desse mundo e dele mesmo, e através das impressões que vive de suas experiências e relações. A maneira como isso se dá é cheia de variáveis. O assunto é extenso e não pretendemos esgotá-lo aqui.

Mas importa saber que quando estudado e compreendido, tal processo cria recursos poderosos de ‘interação’, ‘autorização’ e ‘confiança’ entre aluno e professor.

Dessa forma, qualquer metodologia encontra as melhores disposições por parte das crianças, dos jovens e até dos responsáveis para interagir o processo de aprendizagem, em niveis maiores e mais profundos. Devida a nossa experiência com alunos de baixa e alta renda, podemos afirmar que para qualquer aluno aprender, ele precisa estar devidamente preparado e interessado. E esse preparo vem através do desenvolvimento da ‘Autocomunicação’. A capacidade de uma criança aprender a se comunicar com ela mesma e com o mundo através de seus diferentes universos de expressão: psíquico-emocional-psicológico-cognitivo.

Isso é o que gera engajamento real; isso é o que na linguagem da comunicação digital chamamos de qualificar o ‘lead’.

Mudar sempre é possível, não importa quão difícil e desafiadora seja a tarefa. Basta reunir as melhores cabeças, começar a pensar no todo, trabalhar em equipe e colaborar com respeito, amor, consideração e humildade. Com determinação, foco e muita vontade, tudo pode ser feito; projetos podem ser criados, desenvolvidos e implementados pelo bem da educação e de um Brasil melhor. E isso traz lucro.

As escolas que conseguirem entender isso e souberem trabalhar de maneira a dar esse aporte aos seus profissionais, ao seus professores, aos seus alunos e às famílias destes, se apropriará de uma nova era da educação do ‘Ser’ no Brasil.

UNIVERSOS DO SER. Centro de Educação e Atendimento do ‘Ser’ com foco no autoconhecimento e na Saúde Integral para uma Vida Nova. Trabalhando junto pela educação e pela saúde integral de nossas crianças.


O curioso e perigoso conceito que criamos sobre a Saúde.

Sem dúvida alguma, podemos concordar que vivemos atualmente um grande ‘déjà vu’ e, ao mesmo tempo, um momento único na história de nossas vidas e da humanidade.

Um momento em que, meio a tantas coisas inovadoras, transformadoras e surpreendentes à nossa própria imaginação, muitos de nós ainda permanece querendo se apoderar daquilo que nos foge a compreensão para poder ter o mero direito de determinar o que é certo ou não, aceito ou não, permitido ou não. Tem sido assim ao longo da história, em diferentes campos do conhecimento: na música, na matemática, na física, na astronomia, nas artes e na filosofia, que sempre buscou abraçar diferentes saberes. Castas, organizações, grupos de estudiosos e cientistas se apoderam de uma ideia, de uma hipótese, de uma teoria ou verdade de momento, e tentam predominá-la de maneira a não deixar a nenhum outro, o direito de questioná-la. Como se isso fosse o suficiente para dar autoridade e poder a alguém ou lhes assegurar algum tipo de razão.

Isso só demonstra a infância de valores e conhecimento em que vivemos, e a dificuldade que precisamos transpor se quisermos melhorar a evolução da nossa sociedade.

Não fossem homens e mulheres movidos por grande coragem e espírito de questionamento, desbravando ao longo da história os horizontes das ideias e quebrando os elos milenares do preconceito, do interesse político e do capricho de algumas instituições, a medicina, por exemplo, não teria saído da era de Galeno, e as estrelas permaneceriam presas e suspensas em uma enorme abóboda celestial. A questão que nos chama à atenção, é por que oferecemos tanta resistência a algo novo, a algo que quebra o ‘status quo’, a nossa forma de ver e entender as ideias e as ciências da vida?

Evidentemente, sabemos a resposta à essa pergunta, mas no momento queremos chamar a atenção a outro ponto da questão. De início, precisamos concluir algo de base: No universo ‘o que é’, ‘é’ atemporalmente, e sempre será, independente das mudanças que se operem consoantes às suas leis.

A lei é de evolução constante, mas o que ela é, representa e opera, respeita uma condição de força e ‘ordem maior’ desde que o mundo existe. São as lei naturais, cósmicas; que sustentam o mundo que conhecemos – ainda muito parcialmente – e o mantém imerso e organizado; e tudo isso meio ao infinito num espaço que não para de expandir em velocidade de ‘aceleração’. Isso significa que qualquer coisa nesse universo não deixa de ser o que é, porque não concordamos, porque não queremos, porque conflita com nossos centros de interesse, ou porque só temos condições no momento de entendê-lo parcialmente.

A grande questão é que o mundo está ao nosso dispor para podermos entendê-lo desde priscas eras. Basta haver o interesse, quebrar os preconceitos culturais e ir em busca do novo, que tudo hoje é acessível.  Claro que o avanço da tecnologia na instrumentalização foi e continua sendo essencial para este entendimento. Mas será que sempre a aquisição do conhecimento foi dependente da instrumentalização atual? Será que outros recursos já não foram utilizados e deixaram esse conhecimento para nós, e os deixamos para trás?

A democratização tecnológica abriu praticamente todas as portas de acesso ao conhecimento. Hoje é possível até acessar algumas das obras proibidas do Vaticano que se mantiveram distante das massas populares por milhares de anos, e acessá-las de dentro de nossas casas. É possível, por exemplo, lermos os papiros originais de Ebers ou Edwin Smith com tradução direta dos hieróglifos, que por sua vez impactaram o mundo quando descobertos em meados do séc. XIX. Retratam, respectivamente, uma descrição bastante exata da anatomia e fisiologia humana da meninge, do fígado, do baço, dos rins, do sistema circulatório, assim como oferece uma relação completa de diagnósticos, tratamentos e prognósticos de 48 casos e procedimentos neurocirúrgicos, além de impressionantes manuais para práticas cirúrgicas intracranianas por conta de aneurismas, cirurgia cardíacas, de coluna vertebral, de remoção de tumores de mama, entre outros inúmeros casos clínicos de transtornos mentais, que estão sendo estudados pelos especialistas da Academia de Medicina de Nova York, nestes documentos que datam da dinastia 16-17, ou seja, de mais de 1600 anos a.C.

Estudiosos entendem serem esses documentos cópias feitas por Imhotep de originais do reino antigo que data de mais de 3000 a.C. O que chama a atenção desses pesquisadores da Academia de Medicina, é que esses raríssimos papiros contam que à época eram utilizados alguns processos de hipnose nessas cirurgias, o que levou a comoção pública instigada pela mídia e pela descrença de alguns profissionais da área da saúde a se inclinarem em chamar de práticas de ‘magia’. Iniciativa, esta, que o corpo de cientistas americanos e internacionais que se dedicam a estudá-los se recusam a abonar pelo que continuam descobrindo destes valiosíssimos documentos.

O que chama à atenção é que, na história da humanidade, certas conquistas já foram realizadas, trazidas ao uso da sociedade e posteriormente abolidas por diferentes ‘motivos’ e ‘determinações’.

A evolução da medicina nos últimos cem anos atingiu patamares incalculáveis. Contudo, avaliando a complexidade da vida e do corpo humano, é fácil perceber que demos apenas mais alguns passos.

Não faz muito tempo, ao final do séc. XIX, o neurologista francês Jean-Martin Charcot, um dos maiores clínicos da França, responsável junto a Guillaume Duchenne pelos estudos da ‘afasia’ e da ‘descoberta’ do aneurisma cerebral e da hemorragia cerebral, assim como pelas famosas descrições sobre a esclerose, trabalhava as perturbações psíquicas com o recurso da hipnose e com a proposta grega antiga e ultrapassada de que apenas as mulheres eram histéricas porque tinham útero. Essa reuniões, que se fizeram famosas nas acomodações do famoso Hospital ‘La Salpêtrière’ de Paris, e que tiveram participantes de renome como Sigmund Freud, Alfred Binet, Pierre Janet, Albert Londe, Joseph Babinsky, entre inúmeros outros, a despeito da comoção que causavam nos presentes, traziam resultados impressionantes para a melhoria do estado de histeria, e foram determinantes e fundamentais para um novo desenvolvimento do campo de estudo dos transtornos mentais. Aliás, importa saber que o foco de estudo em questão – a histeria – era na idade medieval associada à bruxaria e levou inúmeras mulheres a serem enforcadas ou queimadas vivas na fogueira debaixo dos gritos das multidões nas praças públicas.

Com a ideia de saúde ocorre o mesmo. Atualmente as pessoas, por exemplo, entendem que estar com saúde é não se encontrar doente ou não ter nenhum distúrbio detectado.

Vivemos numa época em que se tornou comum, uma pessoa aparentemente saudável, repentinamente ter um surto e ser diagnosticado, por exemplo, com Transtorno de Ansiedade Generalizada, revelando-se completamente fragilizada e estranha a si própria, com palpitações, falta de ar, taquicardia, aumento de pressão, dores e náuseas. Alguns médicos dirão que esse distúrbio caracterizado por preocupações excessivas ou expectativas de grande apreensão, já deviam estar dando seus sinais, e que apesar de não terem sido detectados, vinham se ‘somatizando’. O tratamento, claro, ansiolíticos ou antidepressivos por meses, com tentativas terapêuticas de controle comportamental. E se perguntarmos quais as causas, a resposta contemplará de fatores genéticos a descompensações químicas cerebrais até elementos ditos ‘estressores do meio’. Mas a causa exata, se mantém desconhecida.

Ou então, você pode não se sentir bem, acusar uma constrição no peito, um enorme mal estar e procurar um especialista que depois de inúmeros exames e resultados obtidos dentro do que é considerável aceitável e normal, diagnosticar que você não tem absolutamente nada. Mesmo que continue se sentindo muito mal.

Afinal, podemos estar doentes sem aparentar estarmos doentes? Sem que a doença seja detectável?  E se isso é possível, não precisamos, então, rever alguns conceitos sobre o que somos, sobre saúde, doença, sintomas, diagnósticos, tratamentos e bem estar? Afinal, somos humanos, e isso dito do ponto de vista de quem se sente, se ressente, se emociona e se preocupa, nos leva a um conceito de ser humano muito além do corpo físico. Nenhuma dúvida com relação a isso.

Muito já vem sendo feito. A World Health Organization – WHO [OMS], estabeleceu que saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença. Também passou a identificar determinadas alterações comportamentais como manifestação ocorrida no campo do ‘espírito’ com diagnóstico reconhecido e oficializado pela ciência médica através do ‘International Classification of Diseases – ICD 10’ (Código Internacional de Doenças CID-10); O World Psychiatric Association – WPA, já há alguns anos, enfatiza a necessidade de compreensão da ‘espiritualidade’ e sua relação com o diagnóstico, a etiologia e o tratamento dos transtornos psiquiátricos como componente ‘essencial’ para estudo, treinamento, pesquisas e cuidados clínicos em psiquiatria.

O fato de muitos médicos ainda resistirem a aceitar e proceder nesta direção, só aumenta o sofrimento. E o fato de muitos terapêutas aceitarem, anunciarem, prometerem, mas não saberem trabalhar devidamente o processo, soma mais frustração e descrença à dor daqueles que sofrem.

Somos humanos sem dúvida, mas antes disso precisamos nos dar conta de que somos seres psíquicos. Estamos dentro de uma roupagem biológica com prazo de validade e precisamos trabalhar um pouco mais com o que ‘sentimos’ do que apenas com o que podemos e conseguimos mensurar, detectar e provar.

Independente do que alguns resolvam proferir, definir ou determinar a nosso respeito, nosso ‘Ser’ é emocional e isso é essencial, muito importante mesmo. Se intimamente não estamos bem, toda a correlação psiquica-emocional-psicológica-cognitiva se ressente e pode, sim, somatizar na zona física a consequência de cada uma de nossas dores e sofrimentos, que nos apertam de tal forma, algumas vezes, que chega a ficar insuportável. Será que nos doparmos é o único caminho?

A concentração, a meditação e a oração movidas pela ação da vontade de nossa ‘fé’ e de nossas crenças, projetam forças no universo que operam verdadeiras transformações em nossos diferentes campos de expressão do ‘Ser’.

Se as correlações entre esses universos de expressão do ‘Ser’ não são cuidadas por nós mesmos, com uma vida saudável, equilibrada, nutrida de bons sentimentos e coerentes com a necessidade de harmonização que cada um desses universos em nós exige para se afinar com uma lei maior e universal que nos sustenta, adoecemos.

Se optamos por viver gritando, educando na base da ameaça, chantageando, enganando, corrompendo, mentindo, falseando, agredindo, se drogando, dormindo mal, compensando as próprias frustrações com busca de prazer erotizadas, sensoriais ou com estados alterados de consciência por não querermos enfrentar o que cada um precisa trabalhar em si próprio; se fugimos dos compromissos, das responsabilidades que nos competem, se olhamos pra vida e a nossa primeira preocupação é procurar saber o que posso fazer para me dar ‘bem’ mesmo que às custas de outros ou evitar trabalhar ou passar por algo que me desconforta; se optamos por continuar com nossas posturas e comportamentos orgulhosos e egoístas sugando o que podemos da vida em detrimento do que prejudicamos aos outros; se permanecemos alimentando nossas mágoas, medos, inseguranças, incertezas e quando temos que enfrentar algo buscamos fugir ou nos escorarmos sempre em alguém ao nosso lado, estamos profunda e sintomaticamente doentes. Mesmo que o corpo não demonstre. Mesmo que os exames digam o contrário.

O mesmo se dá naqueles que, desde criança, são submetidos a todo tipo de pressão e opressão física, psicológica e emocional, principalmente se provém por parte dos pais ou familiares, o que ocorre com frequência.

A julgar pela quantidade de dores e sofrimentos que podemos assistir no mundo, um verdadeiro show de horrores, em que a humanidade despreza o valor do respeito, da consideração e da vida humana, estamos doentes. Doentes moral, ética, psíquica, emocional, psicologica e fisicamente. E toda essa estrutura se encontra, de alguma forma comprometida, uma vez que são interdependentes.

Precisamos aprender a ver o conceito de saudabilidade independente estar ou não doente. Ter saúde significa viver saudavelmente uma vida que oscila entre estar bem um dia, mal outro; alegre um dia, triste outro; preocupado um dia, outro não; ansioso um dia, outro não. Estacionar permanecendo em um desses extremos é desequiíbrio. Aí sim, é não estar saudável. Existem pessoas que apesar de não terem nenhuma doença vivem de forma não saudável, se enclausurando em si mesmas, cheias de problemas. E por mais que seus exames não acusem ou indiquem nada de anormal, estão mal e sofrem profundamente.

Esse é o drama do nosso século.

Podemos dizer que não é pouca a quantidade de pessoas que se mobilizam pelo cuidado e pelo bem dos outros, principalmente se valendo da ajuda da mídia. Mas pergunta-se: essas iniciativas, apesar de verdadeiras, são ações de mobilização para impacto no mundo ou resultado de uma mudança real de sentimentos pelo interesse de atenuar a dor do outro? Tratam-se de atitudes que promovem mitigar a fome e a necessidade material do próximo ou de promover uma real mudança na sociedade que começa dentro de nós e se estende a todos pela conquista da saúde integral oferecendo oportunidades de educação que visam a libertação, a transformação e o crescimento do ser?

Só uma nova visão de educação pode mudar esse cenário. E, acreditamos, que só uma autocomunicação que leva o ser a poder se escutar, a se ver, a se analisar e a se reeducar em harmonia com a vida, pode promover a vontade de viver e de desejar encontrar o seu papel na sociedade atrvés de novos ideais.

Então, quando olharmos um jovem, um adulto ou um idoso, e um deles se aproximar para dizer que não se sente bem ou que precisa de ajuda, entenda: neste mundo em que todos somos, de alguma forma, doentes, o simples ato de se preocupar em estender a mão ao outro e procurar ajudá-lo com sinceridade, já inicia um verdadeiro processo de cura.

UNIVERSOS DO SER. Centro de Educação e Atendimento do ‘Ser’ com foco no autoconhecimento e na Saúde Integral para uma Vida Nova.


DESERÇÃO DE LIDERANÇA: O SUICÍDIO COMO OPÇÃO.

A decisão de interromper a vida para acabar com a fonte de agonia e sofrimento que vem acometendo cada vez mais crianças e jovens atualmente, não surge como alternativa aleatória em um momento ou fase da vida de grande pressão. Ela surge pela ausência de orientação com relação a razão da vida, cuja construção de sentido deve começar dentro de casa ainda na primeira infância; quando a criança inicia a vida.

Cada vez mais cedo a criança se interessa por saber a respeito de si mesma e da vida. Quando não obtém respostas que se integrem com a realidade em que se traz e que a estruture intimamente, ela começa a sentir grande dificuldade para ‘autorar’ o próprio processo de construção e de consolidação da identidade. Como consequência, as personalidades que vão surgindo e passando a representá-la não refletem a própria essência por estarem espelhando personas e definições externas que não a representam. Isso contribui para a consolidação de conflitos existenciais e de um vazio que aumenta de acordo com as frustrações e expectativas não atendidas. Esse vazio existencial se acentua na puberdade e se intensifica ainda mais na adolescência.

Muitos tentarão simplificar dizendo que falta religião ou Hawaianas. A questão é mais complexa. É fato que dados estatísticos demonstram que pessoas que se trazem em algum tipo de crença se sentem muito mais capacitadas e plenas, mental/espiritualmente, diante de determinadas situações da vida. Também é sabido que inúmeros pais das gerações anteriores deixaram como herança educacional a crença no poder do tamanco voador.

Vivemos novos tempos.

O problema é que ‘adestrar’ condicionando pelo medo da violência ou do castigo – físico ou divino – pode coibir mas não necessariamente educar. Educar é quando a própria pessoas entende o valor do que lhe é apresentado e passa a desejar determinada forma de proceder porque depreende o benefício que ela proporciona à própria felicidade. Quando a decisão é dela, no uso do que ela elegeu como adequado e próprio, ela está educada.

E quando olhamos nossas crianças e jovens esvaziados pela falta de sentido da existência, pela falta de identidade e de ideais, pelo abandono de liderança e pela falta de estrutura educacional, psicológica e emocional diante de situações como ser preterido, desconsiderado, vítima de bullying, entre outros tantos tormentos que normalmente começam dentro da própria casa e as afogam nelas mesmos levando-as a decidir pelo suicídio para acabar com o desespero de carregar tanta angústia e sofrimento, perguntamos: mas o que está acontecendo com essa geração?

 

Pais e profissionais da área de ensino questionam-se por qual motivo uma criança, ainda na puberdade, não consegue aguentar o ritmo da vida. Algo certamente aconteceu e se formos analisar as pesquisas de mudança de hábitos e comportamentos começaremos a entender um pouco mais profundamente a questão. Crianças e jovens das gerações anteriores se relacionavam com decepções, frustrações, derrotas e perdas de uma maneira muito mais preparada do que as da geração atual. Será que as mudanças que se deram nos últimos 20 anos são as causas desses abalos sísmicos na estrutura psicológica e emocional do ser? O que de fato ocorreu?

Como aquilo que somos é fruto de toda uma educação, se torna fundamental que avaliemos algumas questões que ajudaram a alterar o cenário, os ambientes e alguns alicerces responsáveis pela formação do ser, que desde a infância funcionavam como elementos de orientação, anteamparo e auxílio na estruturação da personalidade e da identidade do indivíduo. Uma das principais causas é a alteração que se deu na célula máter social e educacional: a família.

Jamais perder a oportunidade de dar atenção a um pedido de um filho que se aproxima pedindo para conversar. Mesmo que o motivo não transpareça gravidade.
O que para um adulto pode se tratar de uma questão pueril, para a criança e o jovem tal questão pode assumir uma dimensão ‘esmagadora’ e ‘insuportável’.

A família como um todo mudou, e muito rapidamente. Mas ao contrário do que a maioria possa vir a pensar, não deu tão certo. Acreditamos precisará passar por outro processo de mudança. Só que dessa vez de maneira mais consciente e propositiva, se valendo do aprendizado que sofremos nos últimos anos. Precisamos rever a forma de se estruturar família e educação. Não se estrutura uma família casando com quem finalmente resolveu dar ‘mole’ e que numa iniciativa despretensiosa e precipitada, resolveu na mesmo noite se apresentar, deixar rolar, tirar a roupa, transar e depois de mostrar que ‘manda muito bem’, te enfeitiçar.

Por outro lado, não dá para educar alguém ensinando a se virar ou empurrando a tarefa para terceiros e cobrando dos outros a falta de resultado. Isso tudo tem prazo de validade, e esse prazo é muito curto.  O resultado, em grande parte dos casos, já sabemos: separação, traição, abandono, deserção de liderança, impaciência e a fantasiosa ideia de que com dinheiro dá pra resolver tudo. Não retratamos aqui uma realidade geral, mas situações muito comuns e cada vez mais presentes na sociedade e nas redes sociais.

Diante de tantas situações que não param de se repetir, não basta apenas dizer que as coisas precisam mudar e deixar por isso mesmo. Mudar para o quê? Como proceder a mudança? E o mais importante, como se municiar devidamente para essa mudança?

Para se tornar competitivo no mercado de trabalho qualquer pessoa sabe correr atrás de graduações, pós-graduações, doutorados, cursos e MBAs. Mas para educar um ser humano, com seu complexo processo de funcionamento, a maioria de nós mal se presta a ler um livro e quando resolve fazê-lo, busca um com ‘dicas fáceis de como educar crianças difícieis’ nas prateleiras baratas de livrarias caras. Em se tratando de uma criança, a seriedade de uma alternativa de suicídio tem que ser de propriedade dos responsáveis da suposta vítima de si mesmo.

A verdade é que a responsabilidade é de todos: dos pais, de toda a família, dos professores, das empresas, da sociedade e do próprio ser.

O assunto é extenso e podemos estendendê-lo às estatísticas, opiniões, dados, culpas, responsabilidades, pontos de vistas e estudos, os mais diversos. Mas ao final, se cada um não se esforçar em dar o seu melhor, só restará um jovem, uma criança ou até um idoso à margem de nossa atenção, apesar de todos os sinais que emitiram, debruçados na dor ou em um parapeito na tentativa de uma fuga espetacular e milagrosa; na tentativa de acabar com um sofrimento que terão que levar consigo mesmos, seja para onde a vida, que transpassa a morte, os encaminhem.

Se a dor é íntima e consciente, emanada do fundo da alma, onde a garantia de que a falência dos orgãos nos isenta ou liberta dessa consciência?

Compreendemos que a educação e a ‘autocomunicação’ são os caminhos mais seguros de si mesmo no enfrentamento de si mesmo, diante da vida. Iluminar consciências ainda jovens passou a ser de uma responsabilidade seríssima que deve através da nova educação ser ministrada por pessoas sérias, com formação séria e propósitos sérios. Educar hoje preparando para a vida não é  ‘empurrar’ um filho ou uma filha ao mundo permitindo que jovens passem a assumir precocemente o ônus de sua falta de preparo, estudo e experiência.

Educar é dedicação total. É renúncia, abdicação, sofrimento, horas em claro, vistorias em redes socias, celulares, mochilas, gavetas e roupas. É saber onde está, com quem está e a que horas retorna. É exigir e cobrar o cumprimento do respeito, da consideração, da disciplina, da colaboração e da resiliência moral; é estar de corpo presente o máximo que puder, ao menos enquanto os filhos estiverem na casa dos pais, não importando a idade.

A questão do suicídio atinge crianças e adultos. Em ambos os casos, saber ler os sinais é ‘essencial’. No caso do adulto, não suportar a própria angústia somado a não querer ser um peso para a família com suas dores e tormentos, o desloca. Este deslocamento holográfico consciencial é tão distorcido da realidade que ele desconsidera, por completo, o valor que sua presença agrega e o amor que a família lhe dirige.

Se o jovem não têm maturidade para saber o que é, quem é, qual o propósito da vida e qual o seu papel nela, não pode assumir o próprio protagonismo de sua história de vida. Ao contrário, demonstrará atitudes que o levam a dispor da vida de maneira desrespeitosa e suicida, destituída de valores e princípios. Isso, mais cedo ou mais tarde, vai trazer  grandes problemas.

As festas inacabáveis, as drogas, o sexo precoce como experiências de alternativas de prazer em contraposição a tantas irrealizações, frustrações, apatias e falta de sentido na vida, começam como suicídios indiretos, matando a esperança e a vontade de viver, e terminam levando o ser a considerar como única alternativa plausível para o fim de seus tormentos, o término da própria existência.
Na concepção de quem não entende o que lhe acontece intimamente, aturdido pela angústia e sofrimento e sem estrutura, vira mais um número nas estatísticas.

Muitos pais poderão dizer que em seu tempo passaram pelas mesmas enfrentamentos e dificuldades e sobreviveram. Que isso tudo é bobagem e que essa é a vantagem e o preço de ser jovem.

A esses bons pais só podemos dizer três coisas: que os filhos de hoje são uma nova geração, muito diferente da deles; que o impacto de todas essas descargas experenciais que alguns pais chegaram a viver e ainda vivem na atualidade, afeta, atualmente, as novas gerações em dimensões e profundidades de seus universos psíquicos de uma forma bastante desconhecida mas profundamente letal ao equilíbrio dos seus canais de expressão e comunicação consigo mesmo e com o mundo; e por fim, que de acordo com as estatísticas atuais e suas projeções de curto, médio e longo prazo, esses pais devem mudar radicalmente a forma de viver e educar ou então se prepararem para o pior.

Não são poucas as vezes em que vemos pais em desespero, diante do filho que se desligou da vida. Pais que se culpam ou se justificam por anos, acordados para a triste realidade de que agora a questão já está encerrada.
É uma fato que nem sempre os pais conseguirão impedir essas fatalidades dentro de suas próprias casas. Mas ajuda saber que fizeram o possível.

Os casos de jovens ou adultos na qual a iniciativa do suicídio esteja, por diagnóstico e exames, correlacionado psicosomáticamente a um desequilíbrio bioquímico, – o que por sua vez pode afetar a forma da pessoa se ver e de se comunicar com ela e com o mundo – devem acertadamente ser encaminhados a um psiquiatra e psicólogo ‘especialistas’ que saberá proceder de forma cuidadosa e humana.

Este tratamento médico deve, em nossa forma de ver, vir acompanhado de um trabalho profundo de reeducação de si mesmo, para que o ‘Ser’, agora medicado e atendido, possa tratar das ‘causas’ de seu sofrimento e voltar a confiar e se sentir confortável em todos os seus universos de expressão. Para que possa voltar a dirigir sua vontade ao exercício saudável de novos ideais, sonhos, sentimentos e melhores emoções. Uma vida nova.
Não são todos os psicólogos que estão habilitados a desenvolver este processo. Aliás, são muitos poucos. Grande maioria, ainda insiste em ver o ser como “finito”, ou seja, com um fim em si mesmo.

UNIVERSOS DO SER. Centro de Educação e Atendimento do ‘Ser’ com foco no autoconhecimento e na Saúde Integral para uma Vida Nova.


O LADO ‘B’ DO PRECONCEITO.

Afinal, o que de fato incomoda, a quem incomoda e por que incomoda?

Longe de querer tomar qualquer partido ou de tomar como ponto de partida qualquer tentativa de acordo quanto a um alinhamento entre os diversos atores envolvidos sobre um conceito único para a palavra ‘preconceito’.  Poderíamos, buscando equalizar as diferentes opiniões em direção a um denominador comum, nos atermos a etimologia da mesma palavra, mas não é esse, o nosso propósito. Nosso interesse, aqui, é levantar algumas reflexões de base, daquele que vem sendo considerado o tema mais negligenciado e desrespeitado por todos nós: o egoísmo.

Durante anos a fio, diversas frentes e grupos na sociedade vêm buscando através de debates, embates e também da implementação de políticas públicas, destacar a importância de um Estado de Igualdade Social aliado a uma necessidade compulsória de se acatar e fazer cumprir o que define-se por direitos humanos. E mais, de ser obrigado a fazer isso sob um juízo que varia de acordo com o tom da narrativa dos envolvidos, dos interesses políticos de muitos e do estado de espírito de quem vai avaliar cada uma das denúncias levantadas.

Em contrapartida, essa mesma sociedade reivindica constitucionalmente a liberdade de poder expressar a própria opinião externando o que pensa e lutando para ter preservado o seu direito de manifestar sua discordância com relação a certas questões que não representam seus princípios e crenças.
Independente de qualquer ponto de vista, discriminar alguém por raça, cor, etnia, credo, religião, orientação sexual e portadora de deficiência ou necessidades especiais é crime previsto em lei, passivel de sanção penal, e isso não é suscetível de discussão. Mesmo assim, todo o cuidade jurídico e tantas campanhas não são suficientes para resolver a questão da discriminação que se estende e permanece ocupando destaque nas mídias e na sociedade.

A verdadeira questão que esse tipo de embate oculta é que a guerra que se trava sobre a premissa de que a maioria da população ainda sustenta diversos preconceitos e, por conta disso, destrata e pretere o outro por se apresentar de forma diferente, pôs uma lápide em um dos assuntos mais importantes da história da humanidade: a Educação. E nos referimos à educação nos seus mais diversos planos de atuação: espiritual, moral, familiar e social. É sabido que quando nos incomodamos ou não aceitamos algo e, em função disso, tratamos alguém de forma discriminatória, somos motivados por princípios e crenças que alimentamos pelo aprendizado e pelas experiências vividas e que se refletem em nossas atitudes e comportamentos.  A pergunta que devemos fazer é: Decidir ou ser levado a enxergar alguém pela sua diferença, denota precisamente o quê a respeito de quem age assim?

Princípios e crenças que nos levam a assumir atitudes e comportamentos que se desdobram em intolerância, em desrespeito, em covardia, em humilhação, em bullying ou em agressão, expressam falta de humanidade, de sensibilidade, de respeito, de ética e de moral. São valores e comportamentos que nascem do orgulho e do mais profundo egoísmo, e que conforme são manifestados vão anestesiando nossa sensibilidade para com o outro e para conosco mesmo.
Contudo, chama a atenção o fato de que quando uma situação de dor e sofrimento extremo ocorre – guerra, incêndio, catástrofes naturais – seres de raças, credos, orientações e religiões diferentes reunem-se para se ajudar, e essas crenças e princípios que nos levam a agir de forma desumana e antinatural desaparecem e perdem relevância diante do sentimento de humanidade que toma conta da maioria, meio a tragédia que afeta a todos e que coloca a todos em estado de igualdade.

A nova educação leva o ‘Ser’ a admirar a criação pela riqueza que suas diferenças agregam à própria experiência de vida. Já, aquele que só busca seus iguais permanecerá com medo e agarrado ao desconforto do próprio preconceito.

As cenas dramáticas e muitas vezes desesperadoras que disparam descargas súbitas de adrenalina e cortisol nos afetam de tal forma, – toda uma mudança física, emocional e psíquica – que a nossa essência humana e natural eclode do fundo do ser na expressão de um amor universal, afogando o egoísmo de que cada um se serve para preservar esses pseudos valores que só levam a adoecer quem os alimenta e quem, por eles, é vitimado.

Podemos perceber que o tema central, aqui, trata da grande dificuldade que o ‘Ser’ tem de saber de fato quem ele é, e o que melhor representa sua própria essência. Esse é um dos maiores indicadores de que definitivamente não exercitamos o hábito de nos analisar e refletir sobre o que fazemos, de como nos sentimos diante do que fazemos e de que forma podemos contribuir para fazer a diferença frente as circunstâncias da vida, sejam elas reflexos das injustiças, da falta de respeito humano, ou não.

E assim, inadvertidamente vivemos. Nos indignamos quando presenciamos algumas situações na vida que covardemente incomodam ou ferem alguém; nos reconfortamos com outras tantas quando, direta ou indiretamente, tais atitudes mesmo que erradas nos ‘vingam’; nos retraímos quando, diante de um ato desumano ou covarde, evitamos nos expor por nos sentirmos impotentes e com medo para ajudar quem precisa. E ao final de cada situação pela qual passamos, seja ela qual for, sempre seguimos adiante, assustados pelos fantasmas que ficam e evitando pensar muito a respeito das experiências que nos marcaram para sempre.

Mas por que nem sempre a forma que escolhemos para agir, expressa genuinamente o que sentimos e o que nos representa? Por que não é incomum ver uma pessoa apresentar uma atitude hoje e outra diferente amanhã, com relação a um mesmo assunto ou situação?  Porque somos humanos e o ser humano está em constante transformação. E por mais que aumentemos nosso conhecimento, olhando o universo de nosso ponto de vista, fica muito claro que ninguém sabe coisa alguma do outro e, muito menos ainda, de si próprio.

Se nos olharmos com atenção perceberemos que diante de tantos papéis, e papéis complexos que assumimos na vida, escolher agir sempre em conformidade com a própria essência do que somos, é libertador. Porém, se quisermos entender que somos ‘quem achamos que somos’, ou ‘quem queremos ser’, ou ‘quem achamos que os outros esperam que nós sejamos’, ou ‘quem somos a cada momento’ nos abandonamos e terminamos frustrando a todos, inclusive a nós mesmos por tentar ser o que não somos e fazer aquilo que não nos representa. Mas se levarmos em conta que nossa essência é psíquica – espirito – e que justamente por nos expressarmos emocional, psicológica, e fisicamente, devemos viver considerando o fato de sermos um espírito, nos atenderemos melhor por tomarmos decisões mais coerentes com a nossa realidade ‘Integral’. Mesmo que essa realidade esteja em constante construção e transformação. Somente dessa forma poderemos encontrar autêntica paz íntima e harmonia social.

O que importa é que pessoas mudam e a melhor ferramenta para isso é a educação.

Porém, podemos optar por deixar o ‘fluxo’ da vida seguir nos ensinando através das situações extremas de dor e sofrimento, o que está cada vez mais frequente, ou podemos assumir a autoria da reconstrução de um ser novo e de uma vida nova se tornando verdadeiro protagonista de nossa própria história ao invés de ‘espelhar’ a história dos outros. Agir assim até a adolescência, é até esperado. A partir daí, é autosabotagem e desestruturação de identidade. Não à toa, temos tantos jovens e adultos em conflitos existenciais que terminam desenvolvendo os mais variados transtornos de comportamento.

Com esse propósito precisamos de uma educação que nos oriente a ter ‘olhos’ e ‘contato’ com os valores que cada ser traz dentro de si; de olhar o outro pelo valor de suas experiências, de suas conquistas, de seus sentimentos; que estimule a nossa sensibilidade para podermos conhecer e aprender, através de relações respeitosas e dignas o que cada pessoa tem a oferecer, ou não, não importando a raça, o partido ou a religião que apresente; uma educação que desperte a empatia e o respeito pelo outro. Tudo através do exemplo, da experiência vivenciada, integrando a criança desde pequena à iniciativas e trabalhos que despertem a consciência ao que é de fato importante: o ser humano e os seus sentimentos.

Somos seres humanos, sensíveis, delicados e frágeis em todos os aspectos e campos de expressão. E se por conta disso gostamos que nos tratem com respeito e delicadeza, precisamos ter em conta que todos também têm esse direito. Isso é justo e humano.

Não ensinar o ser, desde a infância, a não discriminar alguém ou a reprimir essa tendência quando ela se manifeste, é ajudar a promover a indiferença social que se inicia dentro de nós, fadando esse ser a ficar refém de si mesmo, até que algum sofrimento surja diante dele para resgatá-lo de si próprio; para resgatá-lo desse ‘espasmo’ de comportamento – preconceito – a que se entregou.

Precisamos educar cada um de nós para compreender que o preconceito é uma espécie de holografia que, reflexo do mais profundo egoísmo, alijou do mundo os direitos do homem; que foi responsável por uma infinidade de dores e sofrimentos contra o ser humano, tendo como instrumento dessas dores e desses sofrimentos o próprio ser humano.
É tudo muito triste, humanos sangrando humanos, humanos perseguindo humanos, humanos humilhando humanos, e ao final, diversas leis instituídas para reprimir pela força o que não se conscientizou através da educação e do amor: lei contra racismo, lei contra homofobia, lei Maria da Penha, lei contra a Intolerância Religiosa, Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Idoso, entre tantas outras. Todas aprovadas, vigentes mas desrespeitadas repetidas vezes por inúmeros atormentados e perseguidos pelas próprias culpas, revoltas, sentimentos de ódio e de vingança.

Esse é o lado ‘B’ do preconceito.

A chave é a Educação que tem o poder de tudo resolver. Mas seu poder é tão grande, tão mobilizador e tão rápido de promover mudanças em todo o espectro social, que os maiores déspotas do mundo sempre a temeram e de tudo fazem para comprometê-la.

No exercício de olhar o mundo para poder ajudá-lo, todo ‘Ser’ aprenderá a amar com o amor que receber.

A luta, acreditem, não é contra o preconceito, a luta é pela conscientização através de uma educação ‘Integral’; de uma educação que mergulhando a consciência do ‘Ser’ no universo atômico e cósmico leve todos a perceberem que tamanha engenhosidade existencial de que desfrutamos e testemunhamos diariamente, não existe para justificar uma desagregação social, – caprichos de pequenos grupos –  mas para iluminar e enriquecer toda a humanidade através das suas ricas diferenças.

Quando os parâmetros que aferem e conduzem uma sociedade são o respeito, a dignidade, a justiça e o amor, a cor da pele e a aparência de alguém, seu nível social, suas crenças ou seu poder econômico se torna, diante do valor que cada um potencialmente tem a oferecer como ser humano, assunto exclusivo de cada um e de mais ninguém.

Quando o ser humano pára diante de um universo que ignora por completo em quase todos os seus aspectos, e se acha no direito de afirmar quem é importante e quem não é, quem merece consideração e quem não merece, quem deve ser priorizado e quem não deve, demonstra nitidamente que não faz a menor ideia do que faz, e muito menos de quem seja. Podemos dizer que é justamente daí que surge o preconceito: do egoísmo do homem que perdido de si mesmo se afastou dessa inteligência maior que a tudo cria e sustenta, não importa o nome que se lhe dê.

A única coisa que podemos afirmar com certeza é que somos seres humanos. Do mais simples ao mais preparado, do mais desprovido àquele com mais recursos. E se há diferenças no mundo, ou é porque elas são importantes para o aprendizado e crescimento de todos, ou porque nós as criamos. E havendo algo que possamos fazer para atenuar o sofrimento daqueles que pelas suas diferenças são incompreendidos, desrespeitados, humilhados, agredidos e preteridos, façamos o que estiver ao nosso alcance; mas façamos rápido e façamos com o recurso da ‘Educação’ que prioriza sempre a verdadeira humildade e a verdadeira caridade.

UNIVERSOS DO SER. Centro de Educação e Atendimento do ‘Ser’ com foco no autoconhecimento e na Saúde Integral para uma Vida Nova.


A CHINA PASSOU UM RECADO IMPORTANTE AO MUNDO: A VIDA DO JEITO QUE ESTÁ NÃO É MAIS SUSTENTÁVEL.

Afinal, o que está acontecendo com o mundo e com os nossos jovens?

Vivemos uma revolução em nossas vidas e em todo o mercado de trabalho. Grandes marcas e empresas fecharam, novas marcas nascem numa velocidade ‘unicórnica’, o mundo digital mudou a forma como as pessoas se relacionam consigo mesmas, com o outro e com a compra e a necessidade de consumo de certo produtos e serviços que elas nem se davam conta de que viriam a precisar.

Tudo isso passa a ser responsável por uma mudança de atitudes e de comportamentos na vida, que encontrando o ‘Ser’ desequipado para um mundo tão fluido e dinâmico, confronta-o com ‘realidades’ as quais começa a perceber a própria dificuldade em saber lidar.

Essas dificuldades ocorrem no universo pessoal, familiar, profissional e em toda a sociedade. A nova realidade pandêmica só explicitou questões que inevitavelmente precisavam ser observadas, analisadas e trabalhadas, e que vinham sendo proteladas.

A mudança que se opera na estrutura familiar e que aparentemente se desmonta dos formatos tradicionais sem conseguir levar para os novos modelos de convívio uma estrutura de gestão holocentrada, – visando o bem comum – isola o ‘Ser’ numa espécie de egoísmo em que se perde e se fere, revelando a fragilidade da base em que se traz e que se convencionou, na sociedade, chamar de ‘Educação dos novos tempos’. 

Sentindo-se despreparados, e diante das consequências pela forma que escolheram viver seus interesses e sonhos, nossos jovens, mesmo considerando as grandes conquistas que operam no campo técnico, começaram a se sentir vulneráveis, a duvidar de si mesmos e a questionar se estão preparados para assumir o protagonismo de suas próprias vidas. 

Não vendo sentido em se adaptar a um mundo que não compreende, que pode se apresentar hostil e no qual se sente desequipado para saber lidar, o ser, em um movimento natural se retrai na ansiedade, na angústia e na depressão, e se expande na fuga de si mesmo.

Importante lembrar a distinção existente entre o ‘assumir o protagonismo da própria vida’ e a ‘liberdade de poder escolher o que fazer’. Poder fazer escolhas não significa ter condições de assumir o protagonismo na condução da própria vida. 

O problema que atravessamos não está, evidentemente, no ato de se sentir vulnerável, impotente, triste, incapaz, ou até derrotado. O estado de saúde do ser é ‘oscilante’ e esses sentimentos, apesar de muito incômodos e até perigosos quando em estado crônico, são os pontos ‘baixos’ de contraposição a outros ‘altos’ que precisam ser alcançados para resgatar a pessoa ao seu estado de equilíbrio.

Convém observar que a ‘permanência’ em apenas um desses extremos de comportamento é o que termina por levar o ser a um estado alterado de consciência, cujo sintomas configuram os mais desastrosos diagnósticos de transtornos e que, quando definidos, terminam por direcionar a terapias medicamentosas muitas vezes intensas e longas, e que nem sempre alcançam a recuperação plena do paciente. 

De onde então, pode provir a causa dessa inaptidão em lidar com o novo cotidiano e do surgimento de tantos conflitos existenciais que nos distanciam ou nos desconectam, lançando-nos para ‘realidades alternativas’?

Estará, parte delas, com os pais que a pretexto de precisarem trabalhar e adquirir o que definem como prioridade, não conseguem estabelecer uma relação presencial para poderem oferecer o recurso psicológico e emocional necessário à formação do indivíduo no momento que forem demandados? Estará no novo e conveniente conceito de que é preciso dar espaço para o livre aprendizado e amadurecimento no campo da vida, mesmo que a criança ainda não apresente condições psicológicas adequadas para tal iniciativa, e que lançada prematuramente, tal iniciativa termine por sequestrar sua infância diante de tanta permissividade que novas propostas de autonomia e liberdade passaram a absorver? Ou estará no fato de que a geração atual já é refém de uma geração de pais deserdados e carentes que não foi devidamente preparada para saber educar e que se sentem no direito de delegar essa tarefas às instituições de ensino por estarem pagando? 

Diante das inúmeras exigências imediatas e constantes feitas por agendas superlotadas, pelas instituições de ensino, pelos ambientes corporativos, pelas relações humanas e até por si mesmo, cada um de nós – crianças e adultos – começa a questionar se vale a pena se submeter a tamanho desconforto de um processo exaustivo e frenético chamado ‘vida’ e que se faz mover por metas, resultados e lucro. 

Através do próximo nos encontramos como um ‘Ser de totalidade’, como um Ser Integral..

Não é de admirar que para alarmar ainda mais o cenário, a nova geração pára diante disso tudo, analisa e conclui que não faz nenhum sentido seguir nessa ‘power trip’. “Tô fora”, exclamam; e não é para menos.

Se as novas gerações, por não verem sentido em se adaptar num mundo que se apresenta hostil e raso de significados, buscam se isolar na ansiedade e depressão ou fugir através de estímulos de prazer que só fazem aumentar a ansiedade e o desejo de acabar com a dor e o sofrimento que os asfixia; e se as gerações mais antigas se desesperam tentando se adaptar aos novos formatos onde o acervo que trazem não é suficiente, exigindo de cada um atualizações sem fim, de cursos e novas habilidades, surge então um grande dilema: 

Afinal de contas, o momento é de adaptação ou de mudança?

Será que se trata de nos adaptarmos ao novo ‘normal’ que não pára mais de mudar e que nos pressiona a estarmos sempre mais e mais atualizados e capacitados para uma sociedade em que ‘ter’ é o diferencial e a justificativa para tudo, ou o que precisamos é nos reestruturar psíquica, emocional e psicologicamente para podermos prosseguir com mais qualidade de vida, seja no que for que tivermos de fazer e enfrentar?

E mais: poderá uma reestruturação do ‘Ser’ inferir mudanças na direção e na forma como vamos nos desenvolver e crescer tecnológica, digital e socialmente? Acreditamos que sim e, aliás, com nenhum tipo de dúvida quanto a isso. 

O grande desafio que a pandemia deixa como legado à humanidade, não é em como iremos nos adaptar às mudanças que o futuro nos reserva, mas sim o fato de que não podemos mais viver sem a valorização da vida e do ser humano, sem uma clareza de propósito, de valores morais, de ética, de empatia e de consideração que transcendam fronteiras e que respeitem as divisas de cada nação. 

É fácil verificar através de dados estatísticos que o ser humano se encontra apático, inerte, frustrado, irrealizado, passivo diante de si mesmo e da vida, e que precisa reagir para poder ser o protagonista de sua própria história e coautor das novas páginas da história que dissiparão terminantemente do mundo o egoísmo e a infelicidade; redefinindo completamente os conceitos de ‘educação’ e de ‘amor’.

Para tanto, cada um precisa se rever e se reorganizar como ‘Ser Integral’, e fazer isso atuando em todos os seus universos de expressão: psíquico, emocional, psicológico, cognitivo e físico. Quanto mais cedo puder iniciar o processo, melhor. Mais clareza quanto ao que é, maior definição quanto aos seus objetivos, maior capacidade em poder realizar seus sonhos e mais satisfação em poder vivê-los. A sensação de bem-estar que se obtém com tal iniciativa, quando feita devidamente, é indescritível. 

Afinal, antes de mais nada, e isto é essencial, precisamos lembrar que somos seres humanos e, antes de tudo, seres espirituais; todos nós provenientes de uma inteligência criadora, e com uma razão de ser, queiramos aceitar ou não. Sentir isso e compreender, mais do que acreditar, faz diferença. E se pairar qualquer tipo de dúvida basta perguntar a si mesmo: Por que em um universo que não pára de se expandir ao infinito em espaço e tempo, encharcado de trilhões de galáxias, deveríamos decidir por fechar os olhos num pequeno planeta escondido em um microscópico sistema solar, perdido no meio de apenas um desses ínfimos pontinhos de luz galáctica, e ignorar tal fato?

UNIVERSOS DO SER. Centro de Educação e Atendimento do ‘Ser’ com foco no autoconhecimento e na Saúde Integral para uma Vida Nova.